“Qualquer ano em que o Benfica não conquiste o título de campeão nacional, é um ano de insucesso.” Fazendo das palavras do histórico Sven Goran Eriksson suas, foi uma das frases mais marcantes no discurso com que Martim Mayer se apresentou, esta tarde, como candidato à presidência do clube da Luz. O gestor de 51 anos, que tem António Simões como diretor de campanha, elencou a taxa de 80% de insucesso desde a década de 90 — "nos últimos 35 anos, somámos dez títulos de campeão nacional, cinco Taças de Portugal e seis supertaças", lamentou — para basear o seu avanço às eleições de 25 de outubro na vontade de voltar a fazer o Benfica grande.

Eis as dez principais ideias que deixou no discurso que fez no Capitólio.

Martim Mayer com Benfica no Sangue. Acompanhe o lançamento da candidatura
Martim Mayer com Benfica no Sangue. Acompanhe o lançamento da candidatura
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1. Recuperar a identidade e os valores históricos do Benfica
“Quero liderar convosco ao meu lado, o recuperar da nossa identidade, dos nossos valores, saber honrar todos aqueles que de uma forma séria e competitiva nos transmitiram o nosso Benfica no estado mais puro.”

Martim Mayer propõe uma liderança centrada nos valores fundadores do clube: humildade, união e trabalho. E diz inspirar-se em momentos marcantes da história, como a presidência de Ferreira Bugalho e o percurso do seu avô Borges Coutinho, um dos mais importantes presidentes do clube, para defender o regresso a um Benfica puro, íntegro e competitivo, onde se honra o passado para construir o futuro com orgulho e autenticidade.

2. Romper com interesses instalados e promover independência
“Quero liderar uma candidatura independente, livre de interesses instalados, de todos aqueles que gravitam à volta do nosso clube.”

No discurso, o candidato afirmou ser uma candidatura independente, livre de influências externas ou internas que tenham explorado o clube. Crítico de quem se diz benfiquista mas atua por interesse pessoal, propõe-se libertar o Benfica de "jogos de bastidores" e assim trabalhar para devolver o clube aos seus "verdadeiros donos", os sócios e adeptos, apostando numa gestão transparente e sem dependências.

Candidatura de Martim Mayer ao Benfica
Candidatura de Martim Mayer ao Benfica

3. Criar uma estrutura profissional no futebol, com estratégia clara
“É crítico e urgente criar uma estrutura altamente profissional, com cargos e tarefas bem definidas, onde possam ser avaliados em permanência todos os desempenhos.”

Mayer considera absolutamente urgente a profissionalização da estrutura do futebol, com cargos definidos, avaliação de desempenho e planeamento estratégico. Propõe para isso a aposta num diretor-geral executivo para gerir o futebol de forma integrada: modelo de jogo, perfis de treinador, scouting, sucessão e coordenação entre as várias equipas. O foco é a criação de consistência e sustentabilidade desportiva.

4. Valorizar a formação e integrar jovens na equipa principal
“(Vamos apostar na) integração de jogadores da formação na Equipa A – e na sua evolução no clube com a devida retenção de talento.”

O candidato critica ainda a ausência de retorno desportivo apesar das "receitas milionárias com vendas". Destaca, por exemplo, que nos últimos dez anos, o Benfica gastou 900 milhões em jogadores e fez 1.800 milhões em vendas, das quais 800 milhões de euros vieram da formação. E propõe uma nova abordagem que integre os jovens na equipa principal, retenha talento e maximize valor desportivo. A formação é, para o candidato, ser uma prioridade estratégica, articulada com o scouting e as equipas A, B e sub-23.

Candidatura de Martim Mayer ao Benfica
Candidatura de Martim Mayer ao Benfica

5. Reformar as modalidades para garantir sustentabilidade e competitividade
“É preocupante que o clube gaste mais de 27 milhões de euros quando as receitas de quotas de sócios são de 24 milhões – não pode ser assim.”

Na mesma apresentação, Martim Mayer denunciou o desequilíbrio financeiro nas modalidades, onde se gastam "mais de 27 milhões" com baixo retorno competitivo, propondo rever contratos e custos, dando prioridade a atletas formados no clube. Pretende ainda acabar com o "conforto" que certos vínculos garantem, promovendo uma cultura de exigência e "fome de vencer", sem perder a identidade eclética do Benfica.

6. Resolver o problema da lotação do Estádio da Luz e melhorar a bilhética
“Temos milhares de sócios em fila de espera para obter lugares no Estádio […] vamos criar uma direção de bilhética independente e rever integralmente todo o processo.”

Reconhecendo que o estádio atual não responde à procura dos sócios, Mayer anunciou a vontade de encomendar um estudo para aumentar a lotação em 15 a 20 mil lugares e reformular totalmente o sistema de bilhética. Defende um processo mais transparente, simples e justo, que una os sócios e aproxime ainda mais os benfiquistas e a equipa, refletindo "a verdadeira grandeza do clube".

7. Promover a transparência financeira e a disciplina orçamental
“A transparência financeira e a disciplina orçamental são pilares inegociáveis da nossa proposta.”

A transparência nas contas é vista como essencial e por isso Martim propõe relatórios financeiros claros, consolidados e acessíveis aos sócios. Defende o equilíbrio orçamental e o investimento estruturado, focado em vitórias e sustentabilidade. Os contratos e recursos, defende, devem servir o clube e não interesses externos, com foco no rigor, sem subterfúgios ou improvisações.

Candidatura de Martim Mayer ao Benfica
Candidatura de Martim Mayer ao Benfica

8. Internacionalizar o clube e aumentar a base de receita global
“Se cada adepto gastar por ano 38,46 euros com o seu Benfica […] o clube passará a dispor de uma receita de 500 milhões de euros.”

Na sua apresentação como candidato, apontou também o potencial que vem da rede de adeptos, apontando que são mais de 13 milhões de no mundo e propondo novas formas de filiação, nomeadamente nos PALOP, e escritórios internacionais para captação de receita e talento. Com parcerias e produtos próprios, diz, o Benfica pode gerar até 500 milhões de euros por ano, reforçando marca, influência e capacidade competitiva a nível global. "O clube deve pensar grande."

9. Liderar o processo de centralização dos direitos televisivos com firmeza
“O meu Benfica não irá abdicar de 1 cêntimo nesse processo.”

Afirmando que com ele o clube não abdicará da sua "fatia justa" na centralização dos direitos televisivos, destacou que o clube está em vantagem por já possuir infraestruturas, mas defendeu que esse processo deve ser liderado com inteligência. Propõe assim a criação de um Gabinete de Relações Institucionais para acompanhar este e outros temas, assegurando os interesses do clube em todas as instâncias.

10. Garantir uma comunicação ativa, livre e eficaz
“Temos de pôr fim ao atual paradigma de comunicação do clube, fazendo uso de todas as ferramentas atualmente existentes.”

Crítico da comunicação atual, Martim Mayer defende um modelo plural, próximo dos sócios e sem censura. A começar pela BTV, que deve ser "um canal do clube, e não da direção". Propõe ainda a utilização de todas as ferramentas modernas para informar, unir e defender o Benfica nos espaços mediáticos, com coragem, verdade e coerência. “O Benfica não deve ter medo do Benfica”, resumiu.