1. Sérgio Soares foi recentemente consagrado como "Melhor Árbitro do Ano" na modalidade de futebol de praia (2024), pela Beach Soccer Worlwide.

O internacional português teve assim o justo reconhecimento de uma carreira marcada pelo sucesso. Além de ter estado presente em cinco Campeonatos do Mundo, Sérgio Soares integrou a equipa de arbitragem que dirigiu a final do último Mundial nas Seychelles, entre Brasil e Bielorrússia.

Essa nomeação mostrou que, aos poucos, arbitragem portuguesa começa a regressar aos grandes palcos internacionais.

Convém recordar que recentemente João Pinheiro tinha arbitrado a 2.ª mão da meia-final da Conference League entre Chelsea e Djurgarden. No ano anterior, Artur Soares Dias tinha dirigido a final europeia da mesma competição.

Entretanto Catarina Campos, que foi a primeira árbitra a dirigir um jogo da I Liga, foi também a primeira portuguesa a ser indicada para a Fase Final de um Europeu (2025).

Pelo meio, Eduardo Coelho (agora retirado) esteve presente em cinco fases finais de Campeonatos da Europa, em quatro Campeonatos do Mundo, em duas finais da Liga dos Campeões e numa final da Taça Intercontinental de clubes, no futsal.

Tiago Martins é um dos vídeo árbitros mais solicitados por FIFA e UEFA. O lisboeta vai ser o VAR na final da Champions League feminina, que se disputa este sábado em Alvalade.

O caminho faz-se caminhando, não tenhamos dúvidas. É inegável que a arbitragem portuguesa enfrenta grandes desafios a curto/médio prazo, sendo um dos mais importantes o aumento dos seus quadros. A qualificação continuada dos seus ativos e a insistência em mais e melhor preparação são outras das metas a alcançar.

É um trabalho constante, aquele que tenta encontrar talento emergente sem descurar exigência na formação e desempenho dos que estão no topo.

Os objetivos, em boa verdade, até são simples: mais árbitros, uma arbitragem com identidade bem definida, melhores decisões e maior representação ao mais alto nível.

2. Nas últimas semanas, tal como em tantas outras antes dessas, alguns árbitros voltaram a sentir na pele - literalmente na pele! - a fúria irracional de meia dúzia de descontrolados, que continuam a entrar em recintos desportivos quando deviam estar privados de circular sequer nas suas redondezas.

Mais uma vez, vários foram agredidos fisicamente, sendo que um deles ficou até com o nariz partido. Em pleno séc. XXI isto continua a acontecer todos os fins de semana. Todos sem exceção!

Está à vista que o máximo que se consegue fazer é registar em vídeo, partilhar e lamentar, até que surjam mais barbaridades para registar em vídeo, partilhar e lamentar.

Nada funciona, nada parece travar com firmeza esta violência recorrente, reduzindo-a a meros casos pontuais.

Esta é uma ameaça que se replica a toda a hora e que afasta destas lides qualquer jovem que queira iniciar carreira. Não pode ser.

Já muitos passos foram dados no sentido de mitigar o problema, mas todos relevaram-se curtos. Sabemo-lo porque as cenas repetem-se um pouco por todo o lado, com gravidade alarmante.

O antes é fundamental, o depois é determinante. Nem um nem outro estão no ponto de maturação que tinham que estar nesta altura.

É preciso mais prevenção e maior proteção aos agentes desportivos expostos a um flagelo que, longe de ser apenas desportivo, reflete-se demasiadas vezes nos ceguinhos do costume.