O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esta noite que "a União Europeia é muito desagradável" por aplicar "impostos muito injustos" às empresas do país, mas acrescentou que "em breve aprenderão a não ser tão desagradáveis".

Em declarações à imprensa a partir da Sala Oval, Trump disse que está em negociações com "Ursula (von der Leyen)", presidente da Comissão Europeia, mas que se trata de "uma situação muito difícil".

"Eles têm sido incrivelmente injustos connosco. Se olharmos para os presidentes anteriores, eles foram muito mal tratados. Eu sou bem tratado porque percebo o sistema, conheço o sistema. E nós temos as cartas na mão. Temos muito mais poder do que eles", afirmou.

Trump acrescentou que a União Europeia (EU) não queria negociar com os Estados Unidos (EUA) até ele ter anunciado tarifas de 50%. "Assim que o disse, eles vieram para a mesa", declarou.

"O problema é que eles têm uma série de impostos muito injustos que nós nunca imporíamos. Estão constantemente a processar as nossas empresas, a Apple, a Google, todas elas perante juízes que, basicamente, trabalham para a UE. E tomam estas decisões ultrajantes", continuou.

O Presidente norte-americano sublinhou que, se alguém tem de impor multas a estas empresas, devem ser os EUA.

"Se há uma multa, que seja paga aos Estados Unidos, mas há anos que eles fazem isto. A União Europeia é muito má. Não há dúvida sobre isso, mas em breve aprenderão a não ser tão desagradáveis", explicou.

Ursula diz que pode não haver "entendimento satisfatório"

Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tinha avisado os Estados Unidos de que a UE se está a preparar para a possibilidade de não haver um "entendimento satisfatório", prometendo defender os interesses europeus.

"Hoje, recebemos o mais recente documento dos Estados Unidos para prosseguir com as negociações e estamos a analisá-lo neste momento", começou por dizer Ursula von der Leyen, falando em conferência de imprensa após um Conselho Europeu dedicado em parte a assuntos de competitividade económica, em Bruxelas.

Trump concluiu que, há um ano, os EUA não eram respeitados, mas que agora os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da China, Xi Jinping, e da Coreia do Norte, Kim Jong Un, o fazem: "Toda a gente volta a respeitar o nosso país".

A Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial da UE, tem optado pela prudência e essa cautela é apoiada por países como Portugal.

Bruxelas quer conseguir negociar com Washington, tendo já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.

Atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os Estados Unidos, o equivalente a 70% do total, estão sujeitos às novas tarifas (incluindo as suspensas temporariamente) desde que a nova administração dos Estados Unidos tomou posse, em janeiro passado.

Segundo a instituição, está em causa uma taxa média de direitos aduaneiros dos Estados Unidos mais elevada do que na década de 1930.

Com Lusa