O chefe da Organização de Energia Atómica do Irão, Mohammad Eslami, afirmou no sábado que o reator de Arak, alvo de um ataque por parte de Israel na quinta-feira, era dedicado à saúde e à medicina.

"Os produtos das instalações de Arak são utilizados nos setores da saúde e da medicina. Vocês [Israel] têm como alvo um centro ativo no domínio da investigação de produtos radiofarmacêuticos", afirmou, de acordo com um comunicado oficial.

Na quinta-feira, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) tinha confirmado danos no reator de água pesada de Arak, no oeste do Irão, no âmbito de uma nova vaga de bombardeamentos israelitas contra o país.

"Inicialmente, foram observados danos na unidade de produção de água pesada, mas agora acredita-se que os principais edifícios da instalação foram danificados, incluindo a unidade de destilação", referiu na altura um comunicado da agência de vigilância nuclear da ONU, explicando que, uma vez que o reator não estava operacional e não continha material nuclear, "não se esperavam consequências radiológicas".

Na mesma ocasião, a AIEA destacou que, embora até à data não se tenham registado incidentes radiológicos graves na sequência dos ataques, existiam riscos potenciais para a segurança nuclear.

"Existe uma grande quantidade de material nuclear no Irão, distribuído em diferentes locais, o que significa que existe a possibilidade de um acidente radiológico devido à dispersão de materiais e partículas radioativas na atmosfera", afirmou Rafael Grossi, diretor-geral da agência da ONU.

Salientou também a importância da cooperação e do intercâmbio de informações com as autoridades iranianas: "Nestas circunstâncias difíceis e complexas, é crucial que a AIEA receba informação técnica oportuna e regular sobre as instalações nucleares e as respetivas localizações".

Israel tem em curso uma ofensiva contra o Irão desde 13 de junho, que justificou com os progressos do programa nuclear iraniano e a ameaça que a produção de mísseis balísticos por Teerão representa para o país.

Desde então, os aviões israelitas atacaram infraestruturas militares iranianas, como sistemas de defesa aérea e instalações de armazenamento de mísseis balísticos, bem como centrais nucleares, nomeadamente em Natanz, Isfahan e Fordow.

O Irão retaliou com lançamentos de mísseis e drones contra várias cidades israelitas.

Os bombardeamentos israelitas contra o Irão já mataram mais de 600 pessoas (incluindo pelo menos 200 civis), segundo o Human Rights Activists, grupo de defesa dos direitos humanos com sede em Washington.

Israel estima, por seu lado, que os ataques iranianos já fizeram pelo menos 24 mortos e 1.217 feridos, 12 dos quais em estado grave.