
É através da rede social Truth Social que o Presidente dos Estados Unidos anuncia uma taxa a aplicar aos países da União Europeia (UE) e insiste que a UE foi criada "com o objetivo principal de tirar partido dos EUA na esfera comercial".
"É muito difícil negociar com a UE, que foi criada principalmente para tirar partido dos Estados Unidos do ponto de vista comercial. (...) As nossas discussões não estão a chegar a lado nenhum. Nestas circunstâncias, recomendo a imposição de direitos aduaneiros de 50% à UE, a partir de 1 de junho. Não existem direitos aduaneiros sobre os produtos fabricados nos Estados Unidos", escreveu na sua plataforma Truth Social.
Trump vai ainda mais longe e acusa a UE aplicar, via IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), sanções "ridículas" às empresas, além das barreiras comerciais não monetárias, as manipulações cambiais, as ações judiciais "injustificadas" contra empresas norte-americanas, entre outras, que, diz, geraram um défice comercial com os EUA que atinge "um valor totalmente inaceitável".
O imposto de 50% sobre todas as importações da UE descerá para 25%, ou mesmo para zero, no caso da Apple, se os seus produtos, nomeadamente os iPhones, forem fabricados nos Estados Unidos.
As ameaças, proferidas através das redes sociais, refletem, analisa a agência noticiosa Associated Press (AP), a capacidade de Trump para perturbar a economia global com uma explosão de digitação, bem como a realidade de que as suas tarifas não estão a produzir os acordos comerciais suficientes que procura ou o regresso da produção nacional que prometeu aos eleitores.
O Presidente republicano afirmou que pretende cobrar impostos de importação mais elevados sobre os produtos provenientes da UE, um aliado de longa data dos EUA, do que da China, um rival geopolítico que viu as suas tarifas reduzidas para 30% este mês para que Washington e Pequim pudessem realizar negociações.
Trump, sublinha a AP, "estava aborrecido" com a falta de progressos nas negociações comerciais com a UE, que tem insistido em reduzir os direitos aduaneiros para zero, apesar de o Presidente norte-americano ter insistido publicamente na manutenção de um imposto de base de 10% sobre a maioria das importações.
"Não há tarifas se o produto for construído ou fabricado nos Estados Unidos", afirmou Trump na Truth Social.
Apple ameaça antes da UE
A publicação na rede social foi precedida por uma ameaça de taxas de importação contra a Apple.
A Apple junta-se agora à Amazon, ao Walmart e a outras grandes empresas norte-americanas na mira da Casa Branca, que tentam responder à incerteza e às pressões inflacionistas desencadeadas pelas suas tarifas.
"Há muito que informei Tim Cook, da Apple, que espero que os seus iPhones que serão vendidos nos Estados Unidos sejam fabricados e construídos nos Estados Unidos, não na Índia ou em qualquer outro lugar", escreveu Trump, frisando que “se não for esse o caso, a Apple terá de pagar uma tarifa de pelo menos 25% aos EUA”.
Em resposta às tarifas impostas por Trump à China, a Apple e o respetivo CEO, Tim Cook, estavam a considerar transferir o fabrico do iPhone para a Índia, enquanto a empresa ajustava as respetivas cadeias de abastecimento.
Esse plano tornou-se uma fonte de frustração para Trump, que também o mencionou na semana passada, durante a viagem que efetuou ao Médio Oriente.
Entretanto, depois da ameaça de Trump, as bolsas europeias caíram hoje.
A Bolsa de Paris descia 2,43% por volta das 14:00 (13:00 em Lisboa), Frankfurt caía 2,03% e Milão 2,77%. Os futuros de ações foram vendidos após a publicação das declarações de Trump.