Segundo um novo relatório da OMSA, no ano passado registaram-se 1.022 surtos da doença em 55 países, enquanto em 2023 o seu número foi de 459.

A gripe aviária espalhou-se pelo mundo nos últimos anos, tendo causado a morte de várias pessoas que contactaram com aves infetadas.

Além disto, começaram a ser recorrentes os surtos em mamíferos como o gado, cães e gatos, o que aumenta a possibilidade de o vírus se adaptar e infetar humanos, ainda que o risco desta transmissão continue a ser baixo.

"É preocupante porque estamos a assistir a uma mudança no padrão epidemiológico do vírus", disse Emmanuelle Soubeyran, diretora-geral da OMSA, à agência France-Presse.

Vários especialistas em saúde já alertaram que a gripe aviária representa uma ameaça de pandemia, dada a capacidade que o vírus demonstrou de sofrer mutações e propagar-se, por exemplo, entre explorações leiteiras nos Estados Unidos.

Acresce que a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, fez cortes nos orçamentos das agências de saúde e ciência, o que afetou significativamente um programa de vigilância epidemiológica do país.

O relatório da agência que faz a vigilância e acompanhamento das doenças animais em todo o mundo salienta que a gripe aviária "é mais do que uma crise de saúde animal: é uma emergência mundial que desestabiliza a agricultura, a segurança alimentar, o comércio e os ecossistemas".

Destaca, a propósito, a importância da vacinação na interrupção de epidemias nas aves, reduzindo o risco para os mamíferos e para os humanos.

Emmanuelle Soubeyran sublinha, no entanto, que as vacinas não são adequadas a todas as situações e apela para se investir mais na biossegurança, vigilância e colaboração global, que considera serem também importantes para combater a ameaça.

O primeiro surto da gripe aviária causada pelo H5N1 ocorreu em Hong Kong, em 1997, tendo sido controlado através do abate em massa de 1,5 milhões de aves domésticas.

Em 2003, começou uma nova vaga de surtos e, desde 2015, a gripe já afetou mais de 60 espécies de mamíferos, incluindo cães, gatos e porcos. Transportado por aves selvagens, o vírus infetou leões-marinhos na América do Sul e visons na Europa.

Entre outubro de 2024 e janeiro deste ano, foram detetados mais de 840 focos da doença na Europa, sobretudo na Hungria e em Itália.

A transmissão do vírus para humanos não acontece facilmente, mas, quando ocorre, a infeção pode levar a um quadro clínico grave.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano passado foram reportadas 81 infeções em humanos, o maior número de casos desde 2015.

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