Élia Ascensão diz que não estava à espera da onda de apoio, “ninguém estava à espera, o partido não estava à espera” e terá sido essa pressão que terá levado a Comissão Política do JPP a decidir “ouvir o pulsar da população e cumprir a sua natureza que é ir ao encontro do que as pessoas e mais querem”, defendeu a vice-presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, recusando a influência da dinâmica de outros partidos. Ontem, à segunda, numa nova reunião do órgão do partido foi escolhida para liderar a candidatura às eleições autárquicas, deixando para trás Paulo Alves, que havia sido inicialmente escolhido. Amanhã deverá ser empossada presidente da Câmara, após a renúncia de Filipe Sousa, que assumiu o lugar de deputado do PJJ na Assembleia da República.

“O partido conversou e chegou realmente à conclusão que de facto era importante se unir à volta de uma candidatura liderada por mim”, declarou, recusando-se a revelar como se processou essa nova escolha. À pergunta se houve ou não uma nova votação e os resultados desta, não respondeu. “Aqui o que importa realmente é que o partido confluiu, repensou, reconsiderou. Só não decide menos bem quem não decide nada”, afirmou. Questionada ainda se houve oposição interna, Élia Ascensão também foi esquiva. “Isso foram tudo coisas que ficaram internamente”, disse apenas. “Obviamente que foi preciso conversar, ‘só não se sente quem não é filho de boa gente’, mas nada que o diálogo não tenha feito ultrapassar qualquer falha de comunicação, qualquer desentendimento que pudesse existir”.

A nova candidata a presidente da câmara frisa que tanto os outros dois candidatos (Paulo Alves e Milton Teixeira), como toda a Comissão Política concluíram que o mais importante era o partido se reorganizar e avançar “com toda a força que o projecto precisa e que as pessoas também esperam”. A governante não acredita que a recusa de Savino Correia em concorrer pelo PSD tenha de alguma forma pressionado esta decisão, isto apesar de há cinco dias o secretário-geral do JPP, Elvio Sousa, ter publicamente afirmado que não iria recuar na decisão de candidatar Paulo Alves, o que acabou por acontecer ontem.

“Não considero que a estratégia do partido estivesse dependente da estratégia de outros partidos. Acho que foi mesmo um processo normal de amadurecimento e de decisão”, defendeu Élia Ascensão.

Sobre se os dois outros candidatos submetidos pelo partido à sondagem vão integrar a candidatura do Juntos Pelo Povo, a vice-presidente da Câmara diz que tem “liberdade total” para escolher a lista. Paulo Alves e Milton Teixeira são deputados na Assembleia Legislativa da Madeira e presidentes das juntas de freguesia de Santa Cruz e Caniço do Caniço, respectivamente. Élia Ascensão acrescentou que ainda não pensou nisso, que começará os contactos a partir de amanhã.

“Até agora estive sempre a perceber se iria avançar, se não iria, para então começar a fazer contactos e a falar com pessoas, não gosto de falar com ninguém quando não tenho nada concreto”.

A vice-presidente está no Executivo santa-cruzense desde 2013 e desde então que o JPP tem maioria na Câmara. “Há 12 anos que visto a camisola JPP. Deixar de vestir essa camisa não seria feito, de todo, de ânimo leve. Portanto fico satisfeita que o partido realmente tenha reconsiderado e sinto-me com entusiasmo e energias renovadas com a possibilidade de dar continuidade ao legado do Filipe Sousa”, afirmou.

Élvio Sousa não atendeu, mas reagiu por mensagem, reiterando o que já havia dito ao JM.

“É a minha função unir, conciliar, articular e não dividir", assumiu. "Só não erra quem não tem que decidir, ou quem tem uma noção redutora e autocrática da Democracia. Juntos seremos mais fortes, do que inevitavelmente separados”, acrescentou. E sublinhou a importância da opinião do povo, vontade esta expressa numa sondagem realizada pelo partido, mas preterida no passado dia 27 de Maio. Na altura foi acatada a votação dos membros da Comissão Política e escolhido Paulo Alves, apesar de a sondagem dar clara vitória a Élia Ascensão. Agora o partido recuou e apresentou a vice-presidente como candidata. “A decisão política está tomada, concertada e civicamente consolidada”, garantiu.