O naufrágio de uma embarcação hoje nas Canárias com 152 migrantes a bordo fez sete mortos e seis feridos, incluindo crianças com 3 e 5 anos, uma mulher grávida e dois bebés de três meses, revelaram as autoridades locais.

Os sete mortos são quatro mulheres adultas, uma adolescente de 16 anos e duas meninas de 5 anos, disse o serviço 112 Canárias.

Os feridos são dois bebés de três meses, uma mulher grávida e duas crianças de 5 e 3 anos de idade, segundo os serviços de emergência do arquipélago espanhol das Canárias.

Os seis feridos foram levados para o hospital, depois de terem sido resgatados do mar, e um dos bebés está num estado considerado grave, disse a mesma fonte.

A embarcação levava a bordo 152 pessoas, entre elas, 19 meninas e dez meninos, segundo dados dos serviços de emergência locais fornecidos à agência de notícias espanhola EFE.

O naufrágio ocorreu no cais do porto La Restringa, na ilha El Hierro.

A embarcação precária, conhecida em Espanha como 'patera' ou 'cayuco', virou-se quando chegava ao porto e no momento em que se aproximou de um barco de resgate com equipas de socorro.

O naufrágio, filmado pela televisão pública espanhola RTVE, ocorreu quando as pessoas a bordo se movimentaram todas para um dos lados da embarcação, que se virou com o desequilíbrio de peso, desencadeando o pânico entre os migrantes.

Nas imagens da televisão vê-se como a maioria das pessoas conseguiu subir para o barco de resgate, ajudando-se mutuamente e também com o apoio das equipas a bordo, ao mesmo tempo que foram lançadas boias ao mar.

"Aqueles que estão longe, nos gabinetes, não são capazes" de entender o fenómeno das migrações, disse hoje aos jornalistas, no local, o presidente do governo regional das Canárias, Fernando Clavijo, que sublinhou que é preciso estar num cais e ver "como levam uma menina intubada para perceber a dimensão do drama".

Clavijo afirmou que os membros das equipas de resgate que hoje estavam em La Restringa estão "arrasados" por não terem conseguido salvar todos os migrantes, apesar de "se terem atirado à água sem hesitar", eles próprios "arriscando as suas vidas".

"O drama vivido em El Hierro devia comover-nos a todos. Vidas perdidas numa tentativa desesperada de encontrar um futuro melhor", escreveu o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez na rede social X.

"Temos de estar à altura. É uma questão de humanidade", acrescentou, antes de manifestar "solidariedade e carinho" às vítimas, às famílias e "aos que trabalham para mitigar a sua dor".

O arquipélago espanhol das Canárias, localizado no Atlântico, é uma das rotas usadas por migrantes que querem entrar na Europa de forma irregular, a partir da costa ocidental africana.

Segundo a organização não-governamental (ONG) Caminando Fronteras, morreram 10.457 pessoas no mar no ano passado a tentar chegar a Espanha, 93% das quais na rota atlântica para as ilhas Canárias, que "continua a ser a mais letal a nível mundial".

A Caminando Fronteras elabora anualmente um relatório sobre os migrantes que morrem no mar a tentar chegar a Espanha, com base em dados oficiais e de associações de comunidades migrantes, assim como testemunhos e denúncias tanto das comunidades como de famílias de desaparecidos, seguindo metodologias usadas pelas ONG para contabilizar vítimas em diversos pontos do mundo, como acontece na fronteira entre o México e os Estados Unidos.

Espanha aproximou-se em 2024 do número recorde de chegadas irregulares de migrantes que o país atingiu há seis anos, com 63.970 entradas, um aumento de 12,5% face a 2023, segundo o Ministério da Administração Interna espanhol.

Em 2018, o país atingiu um máximo histórico de entradas irregulares: 64.298.

No ano passado, a maior parte das entradas foi feita por via marítima e dessas a grande maioria, 73% do total, foi feita pela rota das Ilhas Canárias, através da qual cerca de 46.843 pessoas tentaram alcançar território espanhol, mais 17% do que no ano anterior.

Segundo dados oficiais, o número de chegadas de migrantes este ano às Canárias diminuiu 35% comparando com os mesmos meses de 2024.

O governo regional das Canárias tem apelado à ajuda europeia e à solidariedade das restantes regiões autónomas espanholas para responder à chegada de migrantes às ilhas sobretudo para o acolhimento de milhares de menores de idade que chegam às sozinhos, não acompanhados por um adulto.