
O salário mínimo não cobre as despesas básicas de um adulto em quase todos os países da União Europeia, com exceção da Bélgica, e Portugal está entre os piores lugares, concluiu um estudo da Gisma University of Applied Sciences.
"Um recente estudo da Gisma University of Applied Sciences revela que, em quase todos os países da União Europeia, o salário mínimo legal não cobre as despesas básicas de vida dos indivíduos -- e muito menos das famílias", apontou, em comunicado.
A exceção aplica-se à Bélgica, onde o salário mínimo líquido excede o custo médio de vida mensal (incluindo a renda) de um adulto solteiro.
A situação mais crítica verifica-se no Chipre, onde se aplica um salário mínimo líquido de 886 euros e o custo médio mensal de vida está nos 1.801,90 euros.
Seguem-se Estados como a Chéquia e a Malta, que apresentam défices de, respetivamente, 803,19 e 796,59 euros.
Logo atrás aparece Portugal, com um défice de 717,22 euros, considerando o custo de vida e o salário pago.
O estudo indicou que a renda de um apartamento T1, em Portugal, está nos 934,92 euros, valor que somado às restantes despesas básicas de uma única pessoa ascende a 1.620,22 euros.
No caso de uma família de quatro pessoas, o rendimento médio continua a ser insuficiente em 16 países da UE e Portugal está no 'top' três.
Os maiores défices registam-se em Malta (1.468,62 euros), Grécia (1.368,69 euros) e Portugal (1.339,07 euros).
No sentido oposto, com excedentes, estão países como a Dinamarca (2.200,63 euros), Suécia (2.162,97 euros) e os Países Baixos (1.735,76 euros).
"Este estudo destaca uma realidade frequentemente ignorada: em grande parte da Europa, ganhar o salário mínimo não é suficiente para cobrir o custo de vida. Não se trata apenas de uma questão económica, trata-se de uma questão de acesso e oportunidade, sobretudo para os jovens em início de carreira", considerou o presidente da universidade, Ramon O'Challaghan.
A Gisma University of Applied Sciences fez esta análise tendo por base os rendimentos mínimos e médios nos Estados-membros da UE, o custo de vida e as rendas médias.
Em cada caso foi assumido o rendimento líquido de um emprego a tempo inteiro (40 horas semanais).
Foram ainda tidos em conta neste estudo dados do Eurostat, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e dos institutos nacionais de estatística.