
O Comando Regional da PSP Madeira prestou, no passado dia 15 de Julho, uma homenagem ao superintendente-chefe Nuno Pinto Coelho Homem Costa, comandante Regional da PSP da Madeira e 2.º Comandante-geral da PSP, entre os anos 84 e 2003.
No Salão Nobre do comando regional foi descerrada uma placa com o seu nome, passando este espaço especial a ser assim designado, perpetuando-se o legado deste extraordinário oficial para as gerações de polícias atuais e vindouras.
A cerimónia presidida pelo director Nacional da PSP, superintendente-chefe Luis Carrilho, contou com a presença da mulher, filhas e netos do homenageado, com alguns polícias aposentados que trabalharam directamente com Homem da Costa e com uma representação de todos os serviços e esquadras do Comando.
Depois de descerrar a placa que assinalou esta homenagem e que batiza o salão nobre do comando com o seu nome o superintendente homem da costa agradeceu o gesto de reconhecimento da sua polícia e afirmou que se sente ainda tão polícia como no dia que deixou a instituição. Além de exortar os presentes para terem orgulho na função que desempenham, Homem da Costa agradeceu aos polícias que o acompanharam durante mais de 15 anos. Finalmente fez um sentido agradecimento à sua família, que estava presente, e desafiou todos os polícias a valorizarem este sólido pilar, que acompanha e sofre as ausências e preocupações dos que exercem as funções policiais, que no fundo não sendo polícias, também fazem parte da família policial.
Para encerrar a sessão, o director Nacional, que tomou a palavra após o agradecimento do homenageado, afirmou que o exemplo do superintendente-chefe Nuno Homem da Costa é um desafio à nova geração de líderes policiais e a todos os agentes da autoridade, que devem orgulhar-se da sua profissão e dos serviços imprescindíveis que prestam à população à Região e ao País.
O major Homem da Costa veio trabalhar para a PSP Madeira em Novembro de 1982 como 2.º comandante Regional, era comandante o tenente-coronel Serra Pinto (a PSP era comandada por oficiais do exército até aos anos 90). Homem da Costa assumiu o comando em Março de 1984 e os seus anos de liderança da PSP da Madeira foram muito ricos em mudanças para a polícia, que viveu neste período momentos de grande transformação e evolução, acompanhando as mudanças e melhorias que se iam consolidando nos primeiros anos da democracia no país e da autonomia na Região. Na polícia esta evolução materializou-se com a melhoria dos vencimentos, com a redução dos horários e a introdução das folgas semanais, com a melhoria das instalações e dos equipamentos, com a modernização da comunicações e com a maior exigência nas condições de ingresso na PSP.
O carisma, dinamismo, capacidade de realização do tenente-coronel Homem da Costa, a par de um forte sentido humano e verticalidade de carácter, permitiram, pelo exemplo, liderar uma equipa que integrava polícias de gerações e experiências muito diferentes. Foi no seu tempo que chegaram os primeiros oficiais vindos da Escola Superior de Polícia, licenciados em Ciências Policiais, que foram sabiamente integrados, na equipa de comando, que incluía oficiais de polícia mais velhos, provenientes dos cursos de promoção a chefe de esquadra e a comissário. Entretanto, na Polícia foram integrados os oficiais do exército que quiseram passar para a polícia, e o Tenente-Coronel Homem da Costa passou a fardar de azul, com o posto de Intendente. PSP Madeira
Entre 84 e 97 realizaram-se na Madeira grandes eventos, tais como a visita do Papa João Paulo II, reuniões internacionais no âmbito das presidências portuguesas da Comunidade Europeia, Visitas de Estado, como a do Presidente da Venezuela, Hugo Chaves, da PM Britânica, Margareth Tatcher e do PM Chinês, e a PSP teve um papel determinante para o seu sucesso e segurança. Também neste período se verificaram grandes temporais, e também neles a polícia, sob o comando do Intendente e depois Superintendente Homem da Costa, se destacou como a instituição, sempre ao lado dos madeirenses, pronta e perfeitamente imbuída de um elevado sentido de serviço público.
Em Março de 84, em Fevereiro de 85, em Setembro de 89 e de 90 e em Outubro de 93, fortes chuvas e agitação marítima provocaram enormes danos materiais e causaram vários mortos, feridos e desalojados, principalmente no Funchal, mas um pouco por toda a Ilha. Em 93 o temporal foi mesmo considerado como um aluvião, dos mais graves registados na ilha. No Funchal morreram 5 pessoas, 4 foram declaradas desaparecidas e 400 ficaram desalojadas. Estradas e pontes ficaram intransitáveis, fecharam escolas e várias zonas do Funchal ficaram sem água potável, mais de 15 dias. No Caniçal, afundaram 9 embarcações de pesca.
O empreendedorismo que caracterizou o oficial homenageado é bem patente na quantidade de instalações que foram edificadas e melhoradas no seu mandato, das quais se destaca o edifício sede do Comando, na Rua da Infância, onde decorreu a cerimónia.
Destacando só os edifícios novos, para além da referida sede do Comando, inauguraram-se as oficinas na Penteada, a Esquadra da Ribeira Brava, a Esquadra de Santana e a Esquadra de Câmara de Lobos. É ainda de destacar a inauguração da Colónia de Férias do Porto Santo, dos Serviços Sociais da PSP, onde passam férias cerca de 800 polícias com as suas famílias, provenientes de todos os comandos do país, que muitas vezes também aproveitam a oportunidade para visitarem a ilha da Madeira.
Promovido a superintendente-chefe, em Janeiro de 1997, o SPI Homem da Costa assume, no continente, as funções de 2.º comandante-geral, fazendo equipa com o superintendente-chefe Gonçalves Amaro, os dois primeiros comandantes polícias da PSP.
Foram templos complexos e desafiantes para a PSP, mas a experiência destes oficiais e o seu já prolongado trabalho na instituição permitiu acalmar e prosseguir na senda da evolução e da melhoria continua do serviço prestado. A consolidação do modelo integrado de policiamento de proximidade, os programas especiais, de que é exemplo maior a “Escola Segura”, afirmam-se neste período. É também durante a sua passagem por Lisboa que se realiza a Expo 98. A exemplaridade do trabalho de segurança realizado neste evento foi o marco que confere, hoje, à polícia portuguesa o estatuto de referência entre as polícias mundiais, no que se refere à preparação e condução de operações de segurança de grandes eventos, seja qual for a sua natureza. Posteriormente realizaram-se outros grandes eventos que beneficiaram da experiência da altura, nomeadamente o Euro2004 a cimeira da Nato e o Web Summit, as Jornadas Mundiais da Juventude, 2023.
Madeirense dos pés à ponta dos cabelos, o amor à sua ilha e à família fizeram-no regressar em 1999 para acompanhar a fase final de construção do edifício do comando e fazer a sua inauguração, presidida pelo então ministro da administração Interna, Jorge Coelho.
Em 2003, com mais de 40 anos de serviço efetivo, passou à pré-aposentação na PSP. Aceita então o convite para substituir o seu amigo e antigo comandante, coronel Morna do Nascimento na presidência da empresa Horários do Funchal, onde permaneceu até 2012.