A líder parlamentar do PS acusou esta sexta-feira o Governo de “não ser sério” quanto ao número de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina desde o início do ano letivo, reagindo aos dados que o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) avançou ao Expresso e que fazem a manchete desta edição do jornal.

De acordo com o MECI, há neste momento 2338 alunos que ainda não tiveram aulas a pelo menos uma disciplina, o que representa uma diminuição de 90% face aos quase 21 mil que o ministro da Educação garante que se mantinham nessa situação no final do 1º período do ano passado. Em declarações ao Expresso, Fernando Alexandre assegurava assim ter cumprido, e até antecipado em um mês, a meta a que se tinha proposto para esta fase.

Numa declaração aos jornalistas esta sexta-feira, Alexandra Leitão acusou o ministro de “faltar à verdade” manipulando os números. Segundo o PS, os cerca de 21 mil alunos que o ministro usou como referência para fazer a comparação misturam dois universos completamente diferentes: os alunos que em todo o 1º período do ano passado estiveram continuamente sem aulas a uma disciplina por falta de professor (que os socialistas garantem que eram apenas dois mil) e os alunos que já tinham tido aulas mas, num dado momento, ficaram sem docente, por exemplo por motivos de baixa médica – que o PS diz que eram 19 mil.

Assim, os 2338 alunos que, segundo o MECI, ainda não tiveram uma única aula a pelo menos uma disciplina desde setembro seriam comparáveis com os dois mil que Alexandra Leitão garante terem estado na mesma situação no final do 1º período do ano passado. Ou seja, o número não só não diminuiu, como é maior, afirma o PS.

“Entre incorreções, omissões propositadas ou não e falta de transparência, a verdade é que, quando toca a números, este Governo falta à verdade”, acusou a líder parlamentar.

Para esta declaração, o PS avança números que garante serem dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação (DGESTE).

Confrontado pelo Expresso, o Ministério da Educação assegura que os dados usados pelos socialistas “não foram produzidos pela DGESTE e não são do conhecimento da DGESTE”. Além disso, o gabinete de Fernando Alexandre frisa que os números divulgados pelo PS “não permitem aferir o número de alunos sem aulas desde o início do ano letivo, dado que os valores apresentados dizem respeito à data de envio ou reenvio do pedido do horário e não à data da necessidade” e reportam apenas às reservas de recrutamento, não contemplando os dados de contratação de escola, “que representam atualmente 60% das necessidades”.

Desse modo, o ministro da Educação reitera os dados que avançou ao Expresso, mantendo que o Governo cumpriu a meta.