A Avaaz afirma que o protesto mundial pelos jornalistas mortos em Gaza que hoje decorre não é político, apontando à Lusa que o que se passa no território é "uma guerra brutal contra o jornalismo".

Em declarações à Lusa, o diretor de campanha desta organização - que se juntou aos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e à Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) para esta ação - disse que o protesto, que já mobilizou perto de 270 organizações de media mundiais, correspondeu às expetativas, criticando a reação do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel.

Segundo Andrew Legon, Israel, que tem bombardeado localizações onde estão jornalistas, em Gaza, insinuou que o protesto é político.

"Isto não é político, isto é jornalismo. Isto é uma guerra brutal contra o jornalismo. É absolutamente sem precedentes", assegurou.

Numa declaração publicada pelos media israelitas, o Governo do país acusou o protesto de ser "enviesado" contra Israel.

Andrew Legon acredita que a ação correspondeu às expetativas, não só pelo número de redações que se associaram, mas também pela cobertura extensa que recebeu a nível mundial.

"Precisamos que seja aumentada a pressão", para resolver a questão, nomeadamente para que seja permitida a presença de jornalistas internacionais em Gaza, destacou.

O protesto mundial pela morte dos jornalistas em Gaza, organizado por entidades internacionais, conta com 123 órgãos de comunicação social europeus, com Espanha a liderar em número e com Portugal representado pela Lusa e Público.

A ação, organizada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF), pelo movimento de campanhas Avaaz e pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), conta com 268 organizações, a nível mundial, de acordo com dados divulgados pela RSF, no seu 'site'.

Espanha, o país com mais meios presentes no protesto, tem no total 33, sendo que entre os outros países europeus estão a Bélgica, França, Reino Unido, Alemanha, Irlanda, Suécia, Noruega, Itália, Grécia, Malta, Roménia, Escócia, Sérvia e Suíça.

A ação é apresentada como o primeiro "protesto editorial em grande escala" da história moderna coordenado em simultâneo por redações em todos os continentes.

"Jornais impressos terão capas inteiramente pretas com uma mensagem marcante. Emissoras de TV e rádio interromperão a programação com uma declaração conjunta. Portais 'online' apagarão suas 'homepages' ou exibirão 'banners' em solidariedade", referiu a organização, em comunicado.

A Lusa manterá em manchete na sua página online durante todo o dia uma fotografia da guerra em Gaza com as palavras do diretor geral da RSF: "Ao ritmo em que jornalistas estão a ser mortos em Gaza pelas forças de defesa de Israel, em breve não haverá mais ninguém para manter o mundo informado".

O número de jornalistas mortos em Gaza ultrapassa os 210 desde 07 de outubro de 2023, segundo dados da RSF, o que faz deste "o conflito mais letal para repórteres nos tempos modernos".