Os dois candidatos da segunda volta das eleições presidenciais na Polónia, hoje realizada, estão empatados, segundo uma sondagem à boca das urnas, que não permite antecipar um vencedor.

As projeções, divulgadas nas emissoras polacas, dão uma curta vantagem ao atual presidente da Câmara de Varsóvia, o liberal europeísta Rafal Trzaskowski, com 50,3% dos votos, contra 49,7% do seu adversário conservador, o historiador independente Karol Nawrocki.

O estudo da Ipsos tem uma margem de erro de dois pontos percentuais.

A comissão eleitoral conta divulgar a contagem final dos votos na segunda-feira, mas o resultado pode ser conhecido mais cedo.

De acordo com as projeções, conhecidas logo após o fecho das assembleias de voto, às 21:00 locais (20:00 em Lisboa), a participação situou-se em 72,8%, bastante acima dos 67,31% verificados na primeira volta e perto do recorde de 74,4% nas legislativas de outubro de 2023.

Cerca de 29 milhões de polacos foram chamados para esta votação decisiva, que colocava em confronto duas visões opostas para o país, em paralelo com um teste ao peso das forças políticas por trás dos dois candidatos.

Em jogo estava a agenda liberal e pró-europeia de Trzaskowski, apoiado pelas principais forças na coligação governamental - liderada pela Plataforma Cívica e pelo primeiro-ministro, Donald Tusk -, contra uma linha conservadora e nacionalista de Nawrocki, que, apesar de independente, recebeu o apoio da Lei e Justiça (PiS), atual maior partido de oposição, após ter exercido o poder durante oito anos até às últimas legislativas.

Na primeira volta, em 18 de maio, os dois candidatos já tinham ficado muito próximos, com 31,36% para Rafal Trzaskowski e 29,54%, para Nawrocki.

Os analistas previam que a chave para a vitória estaria na capacidade dos dois candidatos em mobilizar a sua base para comparecer hoje nas mesas de voto, bem como cativar o eleitorado dos 11 derrotados na primeira volta.

Nesse sentido, a extrema-direita emergiu como potencial fator decisivo, uma vez que os dois candidatos deste campo político conseguiram cerca de 21% dos votos, o que poderia favorecer o historiador nacionalista.

No seguimento do escrutínio, Nawrocki chegou a assinar um pacto com Slawomir Mentzen, que incluía a recusa de subida de impostos, a defesa da moeda nacional (zloty) face ao euro e a rejeição da adesão da Ucrânia à NATO e do envio de militares polacos para o país vizinho, apesar de não prever o fim do apoio a Kiev para combater a invasão russa.

A agenda de Karol Nawrocki, 42 anos, inclui propostas económicas como cortes de impostos para as famílias numerosas, oposição à adoção do euro e um ceticismo muito explícito em relação a políticas da União Europeia como o Acordo Verde e o Pacto para as Migrações, além de defender uma relação de proximidade com os Estados Unidos.

Quanto a Trzaskowski, 53, é um europeísta assumido, com promessas de liberalizar as leis do aborto e proteger os direitos das minorias sexuais.

A sua vitória significaria uma presidência mais amigável para a coligação governamental chefiada por Donald Tusk, após um ano e meio de convivência tensa com o atual chefe de Estado, Andrzej Duda, alinhado com o partido PiS, e que chegou ao seu limite de mandatos.

Duda usou amplamente o seu poder de veto, retardando a agenda liberal do executivo, que procurava inverter a controversa reforma judicial encetada pelo PiS, sob acusação de tentativa autoritária de controlo dos magistrados, a reaproximação a Bruxelas, além da revisão da lei do aborto.

Em oposição, uma vitória de Nawrocki deixaria antever o endurecimento do pensamento político da presidência, numa coabitação ainda mais tumultuosa com o Governo, e vários analistas consideram que esse cenário poderá abrir divergências na coligação governamental e abrir uma crise política.