O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchéz, pediu esta quinta-feira desculpa aos cidadãos e aos militantes do PSOE, após a demissão de Santos Cerdán, número três da direção do partido, implicado num escândalo de corrupção.

"Quero pedir desculpa aos cidadãos e aos membros do PSOE. Até esta manhã, estava convencido da integridade de Santos Cerdán", disse Sanchéz na sede do partido, em Madrid. "Nunca devíamos ter confiado nele", continuou.

De acordo com o El País, o Supremo Tribunal espanhol levantou esta manhã o segredo de Justiça sobre um processo que liga Santos Cerdán ao chamado caso Koldo, centrado em suspeitas de comissões ilegais em adjudicações públicas.

Segundo documentos judiciais citados pela Reuters, o juiz Leopoldo Puente considera que há “fortes indícios” de que Cerdán terá participado na atribuição indevida de contratos de obras públicasem troca de pagamentos. Os crimes em causa - associação criminosa e suborno - podem levar a penas de até oito anos de prisão.

A polícia espanhola entregou ao juiz transcrições de gravações em que Cerdán conversa com o ex-ministro dos Transportes, José Luis Ábalos, sobre as alegadas comissões ilegais. De acordo com o relatório policial, Cerdán “parecia ser o responsável por receber esses pagamentos”.

Numa conferência de imprensa, o primeiro-ministro espanhol e secretário-geral do PSOE afirmou estar "profundamente indignado e entristecido" com o caso e garantiu que o partido vai avançar com um auditoria externa às contas e uma reestruturação da direção nacional.

O escândalo tem colocado pressão sobre Sanchéz. O primeiro-ministro rejeita, no entanto, ceder perante os pedidos de demissão da oposição.

"Espanha precisa de estabilidade", respondeu Sanchéz, rejeitando que o Governo esteja em crise.

O chefe do Executivo de Espanha afasta, por isso, responsabilidades diretas, alegando que só teve conhecimento do relatório da Guarda Civil espanhola esta manhã.

Santos Cerdán demitiu-se de todos os cargos que desempenhava (deputado e direção do PSOE), apesar de negar as acusações de corrupção. Foi chamado a depor em tribunal no dia 25 de junho.

“Nunca cometi qualquer crime, nem fui cúmplice de um”, disse. “Reitero a minha inocência e confio que ela será provada em tribunal.”

O juiz chamou também a depor Ábalos e o seu antigo assessor, Koldo García, detido no ano passado por suspeitas de ter recebido pagamentos para facilitar contratos de fornecimento de máscaras durante a pandemia.

Este é o caso mais grave de uma série de escândalos que têm abalado o executivo minoritário de Pedro Sánchez. O primeiro-ministro já está também sob pressão devido a uma investigação separada sobre se a sua mulher, Begoña Gómez, usou o seu estatuto para influenciar negócios.

Sánchez chegou ao poder em 2018, precisamente na sequência de um escândalo de corrupção que envolveu o Partido Popular (PP) e que levou à queda do então primeiro-ministro Mariano Rajoy, após uma moção de censura.


Com REUTERS