
Os camiões do PAM transportavam "mantimentos alimentares essenciais para as populações famintas, que aguardavam ansiosamente por ajuda", afirmou a agência da ONU, em comunicado, acrescentando que "a fome, o desespero e a ansiedade sobre a chegada de ajuda estão a aumentar a insegurança" na Faixa de Gaza.
O Governo israelita anunciou hoje que permitiu que 107 camiões da ONU e da comunidade internacional entrassem na quinta-feira na Faixa de Gaza, cenário de uma guerra entre Israel e o grupo extremista palestiniano Hamas desde outubro de 2023.
Nesse dia, a ONU disse que 198 camiões entraram em Gaza, 90 dos quais estavam distribuídos pelo enclave, e que a maioria estava carregada com material médico ou farinha para as padarias do pequeno território.
No entanto, os incidentes durante a distribuição de ajuda estão a tornar-se mais frequentes, uma vez que as queixas de que a ajuda recebida é insuficiente são agravadas pelos saques e pelo desespero das pessoas por ajuda, após cerca de dois meses de bloqueio total à entrada de alimentos, água, medicamentos ou combustível na Faixa de Gaza.
Seis membros das equipas encarregadas de proteger a ajuda humanitária em Gaza foram mortos na quinta-feira à noite, na sequência de um ataque do exército israelita quando defendiam dois camiões que transportavam material médico que estavam prestes a ser assaltados em Deir al-Balah (centro).
O PAM declarou hoje que não pode "operar em segurança num sistema de distribuição que limita o número de padarias e locais onde as pessoas em Gaza podem ter acesso a alimentos".
"Precisamos do apoio das autoridades israelitas para entregar volumes muito maiores de ajuda alimentar a Gaza de forma mais rápida, consistente e através de rotas mais seguras, como foi feito durante o cessar-fogo", defendeu a agência da ONU, que quer poder entregar farinha e cabazes de alimentos diretamente às famílias, já que considera esta "a forma mais eficaz de combater a fome generalizada".
Dois milhões de pessoas na Faixa de Gaza enfrentam fome extrema caso não sejam tomadas medidas imediatas, alertou o programa da ONU.
A ajuda humanitária permitida por Israel em Gaza nos últimos dias "nem sequer chega perto de cobrir a escala e o volume das necessidades dos 2,1 milhões de habitantes de Gaza", disse, na quinta-feira, o porta-voz do secretário-geral da ONU (António Guterres), Stéphane Dujarric.
Antes da guerra, entravam no país uma média diária de 500 camiões com produtos básicos para a população, embora as organizações humanitárias já considerassem isso insuficiente.
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