A organização não-governamental (ONG) explicou que se trata de "50 dos mais de 100" cidadãos presos nesse estabelecimento, que tinham sido detidos após as eleições presidenciais de 28 de julho, segundo um comunicado.
"Foram libertados a pedido do Ministério Público e seguindo o mesmo padrão das libertações anteriores de dezembro (de 2024), não informaram as suas famílias, (...) foi-lhes pedido que não fizessem declarações aos meios de comunicação social, que não tirassem fotografias ou gravassem vídeos que pudessem ser publicados nas redes sociais", acrescenta a organização.
Todos os presos políticos agora libertados, ainda segundo o mesmo comunicado, foram transportados até ao terminal de passageiros local - Big Low Centre -, "sem que lhes fosse proporcionado recursos económicos" para poderem regressar às respetivas casas, tal "como aconteceu com as libertações de finais do ano passado".
O anúncio das novas libertações teve lugar no mesmo dia em que dezenas de familiares de presos políticos, detidos a seguir às eleições, protestaram junto da sede do Ministério Público em Caracas, exigindo que lhes seja concedida uma amnistia.
Os manifestantes entregaram um documento ao Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, explicando que há "evidências que demonstram de maneira contundente" que a maioria dos detidos após as eleições presidenciais é inocente dos graves crimes imputados, incluindo o de terrorismo.
Ainda na terça-feira o Partido da Comunista da Venezuela (PCV) anunciou que se unia ao pedido de várias personalidades e organizações políticas para que seja concedida uma amnistia geral aos presos políticos, detidos após as eleições.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao Presidente e candidato à sua reeleição, Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição contesta aqueles resultados e afirma que Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.
O anúncio dos resultados foi objeto de protestos nas ruas, fortemente reprimidos pelas forças de segurança, violência que resultou em 27 mortos e 192 feridos, tendo as autoridades venezuelanas detido mais de 2.400 pessoas, segundo dados oficiais.
Na passada sexta-feira, a ONG Fórum Penal (FP) afirmou que se encontram ainda detidas 1.687 pessoas.
De acordo com os dados do FP, atualizados até 15 de janeiro, 1.474 presos políticos são homens e 213 mulheres; 1.525 são civis e 162 são militares.
Do total de presos políticos contabilizados pela Fórum Penal, 1.542 aguardam julgamento e 145 foram condenados, e a organização desconhece o paradeiro de 43 pessoas.
"Desde 2014, registaram-se 18.237 detenções políticas na Venezuela", ainda segundo a organização, que diz ter prestado "assistência a mais de 14.000 detidos", entretanto libertados, e a "outras vítimas de violações dos direitos humanos".
Para além destes, mais de 9.000 pessoas ainda foram sujeitas arbitrariamente a medidas restritivas da liberdade, segundo o FP.
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