
Rik Peeperkorn, chefe do escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os Territórios Palestinianos, descreve como "um terror sem fim" a situação vivida pela população de Gaza, cenário de um conflito entre Israel e o Hamas.
"Os seres humanos não são feitos para suportar um terror sem fim", afirmou Rik Peeperkorn, ao descrever o sofrimento da população da Faixa de Gaza desde que Israel rompeu o cessar-fogo em março e desde que se intensificou a ofensiva militar no enclave palestiniano.
"Até os mais fortes quebram sob o peso do trauma e da incerteza constantes", afirmou, relatando o estado do sistema de saúde de Gaza, que está a desmoronar-se, e o drama da saúde mental.
"O fardo para a saúde mental neste conflito é incompreensível e durará toda a vida para muitos, que sofreram 19 meses em condições indescritíveis, deslocados uma e outra vez e perdendo cada vez mais entes queridos" , referiu.
Segundo o responsável da OMS, só nos últimos cinco dias, em que Israel intensificou os seus ataques, 34.000 pessoas foram deslocadas, embora esse número tenha atingido meio milhão desde meados de março.
Apesar de Israel ter voltado a permitir parcialmente a entrada de ajuda humanitária em Gaza, Peeperkorn apelou às autoridades israelitas para que abram pelo menos dois postos fronteiriços para simplificar e acelerar o processo.
Centenas de ataques a instalações de saúde
Desde o início da guerra no enclave palestiniano, em outubro de 2023, a OMS registou 697 ataques a instalações de saúde.
Nos últimos dois dias, foram bombardeados dois hospitais de referência que estavam parcialmente operacionais no sul de Gaza. No Hospital Nasser, foi atacado um armazém onde a OMS guardava material vital, 30% do qual foi destruído.
Já no norte da Faixa de Gaza, as forças israelitas destruíram as estradas que conduzem ao Hospital Indonésio, e os doentes foram obrigados a sair pelos seus próprios meios nos últimos dias.
A OMS está a ajudar o Hospital Al-Shifa, no centro de Gaza, a expandir os seus serviços e está atualmente a funcionar a 150% da sua capacidade, segundo pormenorizou Peeperkorn.
Na mesma zona, o Hospital Al-Ahli retomou os serviços nas últimas 72 horas e está a receber mais de uma centena de doentes por dia.