
O Presidente mais longevo do mundo, Paul Biya, de 92 anos, governa os Camarões desde 1982. Este domingo, através de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), o político anunciou a sua candidatura à reeleição em outubro. Caso seja eleito, vai comandar o país africano nos próximos sete anos.
"Garantir a segurança e o bem-estar dos filhos e filhas do nosso amado e lindo país é a missão sagrada pela qual dediquei todo o meu tempo desde que assumi a liderança do Estado", escreve Biya. "Os resultados são palpáveis, visíveis e louváveis. Obrigado pelo apoio massivo que vocês continuam a dar-me neste projeto". O atual Presidente também alega que a candidatura ocorre após "muitos pedidos das dez regiões do país e da diáspora".
Segundo a "BBC", a atual administração dos Camarões está envolta em polêmicas que envolvem corrupção e incapacidade de resolver problemas básicos, nomeadamente de segurança. Mesmo assim, Biya saiu vitorioso do processo eleitoral em 2018, com 71% dos votos. A oposição, contudo, alega que houve diversas irregularidades, que interferiram no resultado das eleições.
A saúde do Presidente também é motivo de especulações no país. Segundo a "Reuters", o político de 92 anos aparece poucas vezes em público e costuma delegar certas funções em membros do Governo. No ano passado esteve 42 dias sem ser visto em público, o que gerou preocupação sobre a sua saúde e até rumores de que teria morrido.
Oposição interna
Apesar de nunca ter perdido uma eleição desde que assumiu o poder, em 1982, Paul Biya agora tem um novo desafio pela frente. Dentro e fora do país, há a pressão para que o Presidente abra espaço para novas figuras políticas. Recentemente, aliados que são vistos como fundamentais para assegurar votos no norte do país optaram por romper com o atual mandatário.
Issa Tchiroma Bakary, ex-ministro do Emprego e Formação Profissional, e Bello Bouba Maigari, ex-primeiro ministro, deixaram a coligação que compõe o Governo e pretendem anunciar candidaturas próprias. Outros políticos como Maurice Kamto (candidato da oposição em 2018), Joshua Osih, Akere Muna e Cabral Libii também vão concorrer contra Biya.
Mesmo assim, integrantes do partido liderado por Biya, a Reunião Democrática do Povo dos Camarões, desejam que o atual Presidente fique no poder por mais sete anos. Desde 2008 que não há limites para a reeleição de presidentes, ou seja, o governante, caso vença, pode terminar o mandato com quase cem anos.
Paul Biya não é o único nome a liderar um país durante décadas. É o segundo chefe de Estado há mais tempo no cargo, apenas atrás de Teodoro Obiang, da Guiné Equatorial, que está no Governo também desde outubro de 1982, menos de um mês antes de Biya assumir a presidência dos Camarões. A Guiné Equatorial passou a integrar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa desde 2014.
Texto escrito por João Sundfeld e editado por João Pedro Barros