"A população de refugiados no Sudão do Sul quase duplicou em menos de 18 meses e o pior ainda está para vir", afirmou na sexta-feira a representante do ACNUR no país.

"O conflito no Sudão está a atingir o Sudão do Sul com mais força do que qualquer outro país da região e aumenta os imensos desafios que a nação enfrenta", alertou Marie-Hélène Verney.

Os refugiados estão espalhados por 30 pontos do país, principalmente nos campos de refugiados de Maban -- onde estão alojados mais de metade -, Jamjang, Wedweil e Gorom. Além disso, outros 135 mil refugiados vivem na área administrativa de Ruweng. A maioria deles foi deslocada pelo conflito armado no vizinho Sudão desde abril de 2023.

Em comunicado, a ACNUR alertou para o impacto que a guerra está a ter num momento crítico, tendo em conta que há dois milhões de sul-sudaneses deslocados internamente.

"A atual crise no Sudão perturbou gravemente as rotas de abastecimento e exportações de petróleo, aumentando a inflação e enfraquecendo ainda mais a economia", referiu a nota. Isto fez disparar os preços dos produtos básicos, empobrecendo a vida dos habitantes locais e "tornando extremamente difícil a integração dos recém-chegados".

Por isso, o ACNUR apelou a outras agências e autoridades para "unirem esforços para ajudar o Sudão do Sul a integrar as centenas de milhares de pessoas que chegaram" e solicitou mais apoio aos doadores para cobrir os seus custos, que até outubro apenas tinham 47% de financiamento garantido.

Estas operações incluem necessidades imediatas, como água, abrigo e cuidados médicos, e necessidades a longo prazo, como "acesso a documentos de identidade, oportunidades de subsistência e inclusão em sistemas nacionais como a saúde e a educação".

"É claro, no entanto, que a única solução é o fim do conflito no Sudão. O Sudão do Sul está a recuperar do choque e não pode continuar a absorver tanto sofrimento", alertou Verney.

Antes do início do conflito entre o exército do Sudão e as Forças Paramilitares de Apoio Rápido, em abril de 2023, o Sudão do Sul já acolhia 275 mil refugiados.

Um dia antes, o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos tinha anunciado que cerca de 893 mil pessoas foram afetadas por graves inundações no Sudão do Sul e mais de 241 mil foram deslocadas devido ao mau tempo.

As inundações continuam a afetar e a deslocar pessoas em todo o país", salientou a ONU, detalhando que chuvas fortes e as inundações tornaram intransitáveis 15 estradas principais, limitando a circulação dos habitantes de um dos países mais pobres do mundo.

VQ (EL) // VQ

Lusa/Fim