Quatro anos depois do atropelamento mortal, o motorista do ex-ministro Eduardo Cabrita foi condenado a 14 meses de prisão, com pena suspensa, por homicídio por negligência inconsciente. Marco Pontes fica ainda proibido de conduzir durante nove meses.

No dia 18 de junho de 2021, Eduardo Cabrita regressava de uma visita oficial à Escola da GNR em Portalegre - o juramento de bandeira dos formandos do curso de guardas.

Ao mesmo tempo, na A6, quatro trabalhadores da Arquijardim, uma empresa contratada pela Brisa, faziam trabalhos na via. Um deles, Nuno Santos, de 43 anos.

A carrinha que transportava os trabalhadores estava parada ao quilómetro 77, na berma da autoestrada.

O carro que transportava Eduardo Cabrita entra na A6 em Estremoz por volta das 13:00 e segue em direção a Lisboa. Além do carro do ministro, seguem na comitiva mais duas viaturas.

Alguns minutos depois, a pouca distância do separador central, Nuno Santos é colhido pelo carro em que segue o ministro, que circulava na faixa da esquerda, diz o tribunal, a 155 km/hora. Portanto, em excesso de velocidade.

Decisão quatro anos depois

Só agora, quatro anos depois, é que a família, que vive no Escoural, Montemor-o-Novo, e o motorista que conduzia o ministro conheceram o desfecho do caso.

Na leitura da sentença, a juíza considerou que os dois intervenientes contribuíram para o acidente, atribuindo metade da culpa ao ex-motorista e a outra metade à vítima mortal.

Ao arguido devido à velocidade a que conduzia o veículo, já à vítima por não dever estar naquele local da A6 e pela sinalização dos trabalhos ser deficiente.

Marco Pontes foi condenado a pena de prisão de 14 meses, suspensa na sua execução, pelo crime de homicídio por negligência inconsciente e fica ainda inibido de conduzir durante nove meses, uma decisão que não deixou a sua defesa totalmente satisfeita. O seu advogado garante que vai recorrer da sentença.

Quanto ao pedido de indemnização feito pela família da vítima, o tribunal condenou o arguido ao pagamento de um montante próximo dos 163 mil euros à mulher e filhas. A seguradora terá de pagar 198 mil euros.

A decisão vai agora ser analisada pela defesa da família da vítima para ponderar o recurso.

A situação tornou-se ainda mais polémica já que o ministério da Adminsitração Interna é o responsável pela pasta da segurança rodoviária.

SIC acompanhou comitiva de Eduardo Cabrita

Quatro meses depois do acidente, a SIC tentou perceber se o comportamento das comitivas tinha mudado nas deslocações oficiais.

Acompanhámos o percurso dos três carros da comitiva de Eduardo Cabrita, que regressava a Lisboa depois de uma visita à escola de polícia de Torres Novas.

Sem motivos de emergência, sem justifação, e sem sinalização, em menos de nada a velocidade já ultrapassava os 160 quilómetros por hora. Eduardo Cabrita demitiu-se poucas semanas depois.