
O metrobus do Porto fez durante a noite os primeiros ensaios, constatou a Lusa no local e informou a Metro do Porto, mais de nove meses após a empresa anunciar o fim das obras principais do projeto.
Entre quinta-feira à noite e sexta-feira de madrugada "arrancaram os ensaios do metrobus, com o primeiro veículo a percorrer todo o percurso da ligação Boavista - Império, ao longo das avenidas da Boavista e do Marechal Gomes da Costa, incluindo a inversão de sentido em ambos os extremos da linha", segundo a Metro do Porto.
"Todas as operações, incluindo as de aproximação e paragem em todas as sete estações do metrobus nesta ligação, bem como a de inversão de marcha na rotunda da Boavista, em frente à Casa da Música, foram várias vezes testadas com sucesso, sem qualquer anomalia a registar", referiu a mesma fonte.
A transportadora referiu que "os ensaios foram conduzidos por técnicos do fornecedor, a empresa portuguesa CaetanoBus, e acompanhados por responsáveis da Metro do Porto, sendo em permanência monitorizados por elementos da Polícia Municipal".
O teste põe fim a um período superior a nove meses desde que, a 23 de agosto, a Metro do Porto anunciou que "a empreitada do metrobus ficou terminada", com exceção dos acabamentos nas estações, paisagismo e jardinagem.
Canais usados pelos autocarros foram aproveitados como ciclovia
Nos últimos meses, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, chegou a anunciar (em 16 de abril) que os ensaios do metrobus iriam começar "na primeira/segunda semana de maio", e depois (em 15 de maio) "na última semana de maio", mas só arrancaram na quinta-feira à noite.
Em agosto do ano passado ainda se discutia a possibilidade de atuais autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), que irá operar o serviço, utilizarem provisoriamente o canal até à chegada dos veículos do metrobus, mas a opção foi abandonada face a testes insatisfatórios.
A não utilização do canal pelos autocarros levou ao seu aproveitamento como ciclovia, tendo já movimentos e associações do setor instado as entidades competentes a repensar o projeto "como um todo", já que se mantiveram duas vias para automóveis e nenhuma para meios de mobilidade suave, apesar da sua utilização.
Em agosto de 2023, fonte oficial da Câmara Municipal do Porto esclareceu que foi uma "opção política" eliminar as vias de mobilidade suave: "Foi privilegiado o transporte público numa decisão política por causa de problemas de falta de espaço", referiu.
Projeto enfrentou vários atrasos na entrega dos veículos e início de testes
O atraso na chegada dos veículos remonta à anulação do primeiro concurso público para aquisição dos autocarros e do sistema de produção de hidrogénio 'verde', que foi lançado em dezembro de 2022 e anulado, sendo repetido em julho de 2023, oito meses depois.
A Metro do Porto foi sucessivamente anunciando que estava a tentar receber os veículos até ao final de 2024, em janeiro ou fevereiro de 2025, mês em que validou a informação adiantada pela CaetanoBus de que os veículos começariam a circular "no início de maio".
Em agosto, a Câmara do Porto considerou "lamentável e inaceitável" a ausência de esclarecimentos e acusou a Metro de falta de transparência, coordenação e articulação, pedindo "respeito institucional", um tom crítico que marcou o processo nos últimos meses.
Aguarda-se ainda a assinatura do memorando de entendimento entre a autarquia, o Estado e a Metro do Porto sobre o projeto.
O projeto envolve também obras na estação de recolha da STCP na Areosa, que receberá a estação de produção de hidrogénio, prevendo o contrato que "até a fábrica de hidrogénio entrar em produção o consórcio fornecedor assegurará um posto de abastecimento móvel" de hidrogénio.
O metrobus do Porto será um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respetivamente.
O conjunto dos veículos e do sistema de produção de energia custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.