"Em vez de responder às nossas propostas construtivas em Istambul, a Rússia apresentou uma série de ultimatos que não contribuem para uma paz genuína", frisou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sybiga, na rede social X.

Andriy Sybiga lamentou que "o formato de Istambul se tenha transformado em reuniões sobre trocas de prisioneiros de guerra", sem "resultados tangíveis" para o fim da ofensiva russa lançada em fevereiro de 2022.

A Rússia reconheceu hoje que a resolução do conflito com a Ucrânia é "extremamente complexa", um dia depois de novas conversações russo-ucranianas na Turquia terem terminado sem um acordo de cessar-fogo.

Os russos e os ucranianos reuniram-se em Istambul na segunda-feira, para uma segunda ronda de negociações sob mediação turca, após uma primeira reunião em 16 de maio.

Mas, até agora, os esforços diplomáticos para encontrar uma saída para a ofensiva russa produziram poucos resultados, com Moscovo e Kiev a concordarem apenas com a troca de prisioneiros e de corpos de soldados mortos na frente de combate.

"A questão da resolução do conflito é extremamente complexa e envolve muitas 'nuances'", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Moscovo pretende, acima de tudo, "eliminar as causas profundas do conflito" para alcançar a paz com Kiev, referiu.

Peskov elogiou, no entanto, os acordos importantes alcançados em Istambul, garantindo que "o trabalho vai continuar".

Segundo o memorando, publicado pelas agências noticiosas russas TASS e Ria Novosti, Moscovo exige uma "retirada completa" do exército ucraniano das regiões parcialmente ocupadas de Donetsk e Lugansk (leste) e de Zaporijia e Kherson (sul).

Tal retirada deve ocorrer antes do "estabelecimento de um cessar-fogo de 30 dias".

Outras exigências incluem o "reconhecimento legal internacional" das quatro regiões e da península da Crimeia, anexada em 2014, como territórios russos, bem como a neutralidade da Ucrânia, numa altura em que Kiev pretende aderir à NATO.

Todas estas exigências maximalistas já foram rejeitadas no passado pela Ucrânia, que, por sua vez, pede a retirada do exército russo do território ucraniano, cerca de 20% do qual está ocupado por tropas de Moscovo.

Peskov também considerou improvável, num "futuro próximo", um encontro entre Putin e os homólogos ucraniano, Volodymyr Zelensky, e norte-americano, Donald Trump, sugerido pela Turquia na segunda-feira e pedido por Kiev.

A Casa Branca (presidência) disse que Trump estava pronto para se deslocar à Turquia para participar em tal cimeira.

Mais de três anos depois, a guerra causou dezenas de milhares de mortos civis e militares dos dois lados, e o fim não parece estar à vista, como reconheceu hoje o porta-voz de Putin.

 

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