
Um tribunal de São Petersburgo informou hoje que abriu uma investigação contra a diretora de uma livraria da cidade por pertencer a uma organização considerada indesejável.
"O Tribunal de Distrito de Kuibishevski vai examinar o caso de uma infração administrativa contra Elena Orlova, diretora da livraria Komplekt Podpisnie Izdaniya, acusada de participar em atividades de uma organização estrangeira considerada indesejável na Rússia", comunicou a diretora do serviço de imprensa da Justiça de São Petersburgo, Daria Lebedeva.
Tal como informou através da rede social Telegram, em finais de 2024 "um cidadão comprou na livraria um exemplar do livro 'Vou a Magadan'", de Igor Olinevich, publicado pela editoria ABCDF (Federação da Cruz Negra Anarquista), "e esta má organização dos EUA está incluída na lista de organizações indesejadas".
Há um mês, as forças de segurança entraram para inspecionar esta livraria, após o que entregaram uma lista com 48 títulos que deveria retirar das estantes.
Pouco depois, a livraria foi multada em 800 mil rublos (mais de 10 mil dólares) por "propaganda de relações sexuais não tradicionais e mudança de sexo", por ter à venda o livro 'Contra a interpretação e outros ensaios', de Susan Sontag.
Também em abril, a polícia deteve 11 empregados da editorial russa Eksmo, incluindo o seu diretor, Anatoli Noroviatkin, por extremismo relacionado com propaganda LGTBI, devido à publicação determinados livros através de outra editoria recentemente adquirida pela Eksmo, a Popcorn Books.
Antes, o Ministério da Justiça russo também tinha declarado como agentes estrangeiros os proprietários de outra editoria, a Individuum, pela publicação da novela 'Um Verão no acampamento', de Katerina Silvanova e Elena Malisova, que desenvolve o tema de uma relação homossexual entre um adolescente russo e outro ucraniano.
Este livro tornou-se mesmo em um dos mais vendidos na Federação Russa em 2022.
Devido às ameaças de que foram alvo, as suas autoras, que também foram classificadas como agentes estrangeiras, tiveram de se exilar.
Em novembro de 2023, o Supremo Tribunal russo declarou extremista o movimento LGTBI.
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