
O julgamento do rapper e empresário Sean Combs, mais conhecido como Diddy, foi retomado esta segunda-feira, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, com o testemunho da cantora Dawn Richard e a divulgação de fotografias de óleo de bebé e dos ferimentos de Cassandra Ventura, a ex-namorada do produtor musical norte-americano.
A cantora Dawn Richard, que fez parte do grupo Danity Kane, regressou esta segunda-feira ao tribunal em Manhattan, depois de na passada semana ter testemunhado que viu Diddy a abusar de forma física e emocional Cassandra Ventura, mais conhecida por Cassie, segundo adianta a agência Reuters.
Durante o testemunho de segunda-feira, Dawn Richard disse que Diddy era "frequentemente" violento com a ex-namorada: "Dava-lhe murros, sufocava-a, batia-lhe na boca, dava-lhe pontapés e socos no estômago".
"Quando a Cassie se tentava defender, ele magoava-a por isso."
A cantora afirmou também que ela e outra mulher, que também terá assistido a um dos alegados ataques, foram ameaçadas pelo empresário, que lhes disse que "podiam desaparecer" se revelassem pormenores do que tinham visto.
Dawn Richard revelou ainda que um dos alegados ataques aconteceu num restaurante em West Hollywood, onde estavam outras celebridades como Usher, Big Daddy Kane, Jimmy Iovine e Ne-yo.
Procuradores mostram fotografias de óleo de bebé e dos ferimentos de Cassie
Na sessão de segunda-feira, os procuradores mostraram fotografias dos ferimentos de Cassie, que terão sido causados por Diddy, e das garrafas de óleo de bebé que foram encontradas no quarto de hotel onde o rapper estava quando foi detido, a 16 de setembro de 2024.
Na semana passada, Cassie testemunhou que Diddy a violou, em 2018, depois de terminarem a relação que mantinham há 11 anos. Numa declaração emocionada, a cantora descreveu o momento.
"Só me lembro de chorar e de dizer não, mas foi tudo muito rápido."
Cassie acusou Diddy de a coagir para participar nas chamadas "Freak Offs", as festas de sexo e drogas que estão na origem do caso contra o rapper, nas quais era constantemente agredida. Disse também que o produtor musical filmava estas festas e que depois ameaçava divulgar os vídeos nos quais ela aparecia.
“Agarrava-me, empurrava-me, batia-me na cabeça, dava-me pontapés.”
Os procuradores mostraram ao júri sete fotografias de Cassie e de vários acompanhantes que foram retiradas de vídeos de “Freak Offs”.
A cantora, que disse ter sofrido de abusos físicos e emocionais durante vários anos, revelou também que aceitou um acordo de 20 milhões de dólares (cerca de 17 milhões de euros) para pôr fim ao processo que moveu contra Diddy, em novembro de 2023. Parte do processo atual tem origem nesta queixa-civil, que incluía acusações de violação e anos de abusos.
Em tribunal, foi questionada sobre o motivo que a levou a testemunhar agora contra Diddy e confessou que já não conseguia suportar o peso emocional de anos de abusos.
“Não consigo carregar mais isto. Não consigo carregar a vergonha, a culpa, a forma como ele tratava as pessoas como se fossem descartáveis. O que é certo é certo, o que é errado é errado. Eu vim aqui para fazer a coisa certa.”
Julgamento de Diddy pode durar dois meses
O rapper de 55 anos declarou-se inocente dos crimes de extorsão, tráfico sexual e transporte para fins de prostituição.
O advogado de defesa, Marc Agnifilo, argumenta que todas as relações foram consensuais e descreve o estilo de vida do artista como "libertino".
Sean Combs foi detido em setembro e, desde então, está numa prisão de Brooklyn. Se for condenado por todos os crimes, arrisca uma pena que pode ir dos 15 anos a prisão perpétua.