José Luís Carneiro apelou à união dos socialistas e avisou para os perigos de “golpes” internos, que minam a credibilidade do PS. O socialista apresentou, este sábado, a candidatura a secretário-geral do PS.

Apesar de prometer uma "análise profunda sobre "quando" e "aquilo" em que o PS falhou, José Luís Carneiro lembrou que isso não significa lutas sangrentas dentro da própria casa.

Os portugueses “não nos perdoarão se ficarmos agora a olharmos para nós próprios ou a golpearmos reciprocamente a nossa credibilidade e as nossas qualidades, em vez de nos organizarmos para os defendermos a eles”, apontou.

"Desengane-se quem confunde reflexão com tentações de ajustes d e contas internos", alertou. “Análise e debate, sim. Ataques pessoais e superficiais em praça pública, não. Nunca.”

Na sede nacional do PS, em Lisboa, José Luís Carneiro afirmou ser candidato "por opção" e por "sentido de dever", apresentando o que classificou como um projeto político "democrático, progressista e reformista".

"Volto a ser candidato porque continuo convencido de que a visão que tenho para o PS (...) corresponde ao que os militantes e os portugueses entendem", disse.

As referências a Pedro Nuno... e a Costa

O candidato assumiu o compromisso de “levar o PS de novo a um lugar à altura da sua História ("Voltar a fazer do PS o maior partido português", frisou), após a última grande perda eleitoral, que constatou, chamando a responsabilidade pela mesma ao coletivo. “Todos fomos obreiros de momentos bons e de momentos menos bons", referiu.

Ainda assim, e apesar de deixar um abraço de "fraternidade" a Pedro Nuno Santos, fez questão de elogiar o antecessor deste, António Costa, e de se posicionar como o candidato da linha política do atual presidente do Conselho Europeu.

Num discurso em que listou fortemente o currículo que deixou enquanto membro dos governos de Costa - sublinhando, em particular, aquilo que considera serem os louros a colher do seu tempo à frente do Ministério da Administração Interna" -, o socialista enumerou as prioridades que vê para o país, desde garantir que os bos resultados económicos se refletem na vida da população, a pautar o Estado de Dirieto por uma cultura de transparência.

Diálogo com a direita, mas guerra aos adversários da democracia

José Luís Carneiro - que se definiu como “um homem nascido e criado em Baião, que sabe a diferença entre fascismo e democracia" - declarou ainda como "primeiros e maiores adversários" aqueles que tentam "desvalorizar a grande obra da democracia".

Não obstante, garantiu que será "responsável" e irá procurar "caminhos que aprofundem consensos democráticos".

Enquanto candidato a secretário-geral, o socialista já mostrou publicamente abertura para diálogo e acordos com o governo da AD liderado por Luís Montenegro, se vier a confirmar-se como secretário-geral do PS.

O antigo ministro socialista é o único nome, até ao momento, a chegar-se à frente para assumir o lugar deixado vago por Pedro Nuno Santos, após a derrota nas legislativas.

Esta é a segunda vez que José Luís Carneiro tenta chegar à liderança do partido, depois de ter perdido a última corrida eleitoral interna para Pedro Nuno Santos, em 2023.