Alberto João Jardim vê a autonomia como "um direito natural do povo madeirense", entendendo que a mesma deve ser encarada como "um direito fundamental da pessoa humana".

Foi nas comemorações do Dia do Empresário, promovido pela Associação Comercial e Industrial do Funchal - Câmara de Comércio e Indústria da Madeira (ACIF-CCIM), que o antigo presidente do Governo Regional fez uma espécie de balanço aos 50 anos da autonomia na Região, muitos dos quais marcados pela sua governação.

Defensor do princípio da subsidiariedade, o antigo líder madeirense não deixou de apontar alguns dos problemas da autonomia, como ela está plasmada na Constituição de 1976, defendendo que federalização do território seja entendida "ao contrário", ou seja, deverão ficar definidas as obrigações do Estado, deixando ao resto ao cuidado da administração regional. Deu como exemplo o caso das forças de segurança a actuar na Região, em que para poderem intervir "têm de pedir autorização a Lisboa".

Esse centralismo foi criticado por Jardim, que, na sua palestra, onde abordou 'As conquistas e os desafios da autonomia', fez uma espécie de retrospectiva ao desenvolvimento e às melhorias que as políticas implementadas pelos seus governos proporcionaram à população da Madeira e do Porto Santo.

Nessa análise, o antigo presidente do Governo Regional disse não ter dúvidas de que "foi a autonomia que liquidou qualquer tentativa de separatismo", referindo-se aos primeiros anos de democracia na Região.

O histórico social-democrata receia, contudo, que a autonomia, ou o uso que dela é feito, possa trazer "perda da qualidade de vida", tendo apontando o que disse serem os "riscos" dessa forma de governo próprio.

Alberto João Jardim falou mesmo do risco de a Madeira estar a tornar-se num "destino de massas", pedindo, por isso, a atenção das autoridades e dos governantes para que isso seja evitado. Defende a qualidade em detrimento da quantidade de turistas e não teve problema em apontar o dedo à "praga do alojamento local". "É urgnte encontrar uma solução para isto", apelou a uma plateia onde não faltavam empresários regionais e alguns políticos.