"Saíram em média quatro autocarros por dia, o que significa uma greve com uma adesão acima dos 90%", disse à agência Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) João Soares, recordando que todos os dias deveriam sair 104 autocarros e, no máximo, "saíram cinco motoristas para a rua".

Segundo o também motorista dos SMTUC, a adesão sempre "muito forte" ao longo dos cinco dias mostra a união e determinação dos trabalhadores numa luta por uma reposição da carreira e melhoria das condições salariais.

João Soares notou que a adesão até poderia ter diminuído a partir de quarta-feira, face ao impacto que a greve tem no salário dos trabalhadores, mas a desconvocação da reunião com sindicatos por parte do Governo, que acabou a reunir com a Câmara de Coimbra, deu "alento a trabalhadores para ficarem em casa, que até previam trabalhar".

"Desconvocou a nossa reunião, mas afinal o presidente da Câmara [José Manuel Silva] reuniu com o Governo", criticou.

Para o dirigente sindical, os trabalhadores estão "desiludidos e agastados com as atitudes do presidente da Câmara", eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS-PP/NC/PPM/A/RIR/VP).

João Soares afirmou ainda que os trabalhadores estão a assinar uma queixa contra José Manuel Silva por difamação, por declarações proferidas pelo autarca na segunda-feira, em que alegou que haveria trabalhadores a serem pressionados para aderirem à greve.

"Tem extremado as posições e tem criado um ambiente hostil para que haja algum tipo de entendimento", disse o motorista dos SMTUC.

O dirigente sindical espera agora que, com a tomada de posse do novo Governo, seja marcada "brevemente" uma nova reunião antes da próxima greve, que será de seis dias, entre 22 e 27 de junho.

Na quarta-feira, a Câmara de Coimbra emitiu um comunicado referindo que reuniu com o Governo na terça-feira, quando estaria previsto um encontro entre sindicatos, representantes dos trabalhadores e o executivo liderado por Luís Montenegro, que acabou cancelado por indicação do Governo.

Contactado, na altura, pela Lusa, o presidente do município disse que "está tudo a evoluir positivamente" e que, na reunião, foi dada nota de que a matéria relacionada com os SMTUC estará presente na pasta de transição de governos.

Questionado sobre se foi apresentado algum desenvolvimento concreto na negociação do processo, José Manuel Silva recordou que o executivo "está em gestão" e que apenas numa reunião com sindicatos será possível apresentar propostas sobre o processo.

No entanto, o autarca disse que a reunião teve "um avanço muito concreto", que foi "a confirmação da determinação" do Governo na resolução do problema dos motoristas dos SMTUC.

O autarca reiterou que "as greves não são necessárias para nada" e que não influenciam "em nada a evolução do processo", criticando novamente o STAL (a decisão foi em plenário de trabalhadores) por manter a greve, quando estava uma reunião marcada.

Esta é a terceira greve dos trabalhadores dos SMTUC este ano, depois de terem cumprido dois dias em fevereiro e três em março, num calendário de luta que aumenta um dia todos os meses até setembro, mês em que deverão realizar-se as eleições autárquicas.

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