
O Ministério das Infraestruturas e Habitação recebeu, no final do mês passado, os relatórios sobre o impacto do apagão do dia 28 de abril de 2025, relativos aos setores da aviação, telecomunicações e transportes.
A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) e o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) elaboraram um conjunto de recomendações e medidas, umas a aplicar no curto prazo, outras mais estruturais, com o objetivo de melhorar a resposta em situações de crise.
78 mil passageiros afetados e 437 voos cancelados
O apagão elétrico obrigou ao cancelamento, nos aeroportos nacionais do continente, de 437 voos, afetando um total de 78 mil passageiros, segundo o relatório enviado pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) ao Governo.
"O condicionamento do tráfego aéreo teve maior impacto no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com 348 voos cancelados e 66 mil passageiros afetados", lê-se numa nota, divulgada pelo Ministério das Infraestruturas e Habitação.
Já no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, "60 voos foram cancelados e 7 mil passageiros afetados", tendo no Aeroporto Gago Coutinho, em Faro, sido cancelados 29 voos e mais de 5 mil passageiros afetados. "O impacto nos aeroportos das ilhas foi residual", destacou.
Segundo o regulador, "a NAV, gestora dos serviços de tráfego aéreo, não interrompeu a prestação de serviços em nenhum momento e que a ANA, gestora da infraestrutura aeroportuária, cumpriu escrupulosamente todas as obrigações".
A ANAC recomenda a revisão dos contratos com os fornecedores de serviços de telecomunicações e a "elaboração de planos de contingência específicos para falhas energéticas e de comunicações aplicáveis a todos os aeroportos, companhias aéreas e controlo de tráfego aéreo, empresas de assistência em escala e fornecedores de provisões de bordo e aeroporto".
Mais defende que é necessário prever, numa renegociação futura dos contratos de concessão, "a inclusão das recomendações apuradas".
Para a ANAC é ainda necessária a "realização de simulacros conjuntos dos vários 'stakeholders' aeroportuários para falhas tecnológicas e energéticas", bem como "priorizar a alimentação elétrica por fontes que não dependam de combustível".
IMT defende maior autonomia energética das entidades que operam estruturas críticas
A integridade das infraestruturas de transporte terrestre e fluvial não esteve nunca comprometida durante o "apagão", concluiu o IMT, mas alerta para a necessidade de um grau de segurança de autonomia energética mínima nas entidades gestoras de infraestruturas críticas.
No relatório entregue ao Ministério das Infraestruturas e Habitação sobre os impactos do 'apagão' de 28 de abril, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) - que auscultou 31 entidades - concluiu que a "integridade das infraestruturas de transporte terrestre e fluvial não esteve, em nenhum momento, comprometida, apesar das perturbações registadas, em particular, no setor ferroviário e na circulação dos três sistemas de metropolitano".
Segundo um comunicado divulgado pelo ministério de Miguel Pinto Luz, o impacto no setor ferroviário "foi aligeirado" pela greve da CP, cuja frota de comboios estava 100% parada.
Com LUSA