Não podemos continuar a assistir, em silêncio cúmplice, ao massacre em curso na Faixa de Gaza. O que está a acontecer não é uma simples operação militar, não é autodefesa — é uma punição coletiva, brutal, desumana e completamente desproporcionada. É genocídio à vista desarmada.

Israel tem, como qualquer Estado, o direito de se defender de ataques terroristas. Mas há um limite. E esse limite já foi ultrapassado há muito tempo. A resposta do governo israelita aos crimes do Hamas tornou-se ela própria um crime. Um crime contra a humanidade. Quando se bombardeiam escolas, hospitais, campos de refugiados e se mata indiscriminadamente civis, estamos a falar de barbárie, não de segurança.

Quantas crianças mortas são necessárias para o mundo reagir? Quantas famílias destruídas? Quantas mães a gritar por filhos soterrados nos escombros? Quantas imagens de corpos calcinados, de ruas transformadas em cemitérios a céu aberto, ainda teremos de ver para que o mundo diga: basta?

A verdade é esta: não podemos condenar os ataques russos à população civil ucraniana e, ao mesmo tempo, fechar os olhos ao massacre em Gaza. Não pode haver dois pesos e duas medidas. Os valores humanitários ou são universais ou não são nada. A vida de uma criança palestiniana não vale menos do que a de uma criança israelita ou europeia. A dor de uma mãe em Gaza não é menos legítima do que a de uma mãe em Kiev ou Telavive.

É preciso ter coragem para dizer o óbvio: o sofrimento em Gaza não é um “efeito colateral” da guerra — é o centro da estratégia de terror e dominação. É a tentativa de esmagar um povo inteiro em nome de uma vingança cega, sem fim à vista. E é inaceitável.

As Nações Unidas falam. Os jornalistas mostram. Os médicos denunciam. Os sobreviventes gritam. Mas os líderes do mundo democrático hesitam, escondem-se em fórmulas diplomáticas, evitam tomar partido. Como se a neutralidade fosse virtude, quando, na verdade, é covardia.

A história está a ser escrita, e nela será lembrado quem se calou.

Por isso, digo sem hesitação: o que se está a passar em Gaza é um ultraje à dignidade humana. É uma vergonha para a comunidade internacional. É a derrota da civilização.

E é urgente dizê-lo alto e bom som: já chega!