Várias centenas de pessoas juntaram-se esta terça-feira no Largo do Chiado, em Lisboa, com destino à Assembleia da República, exigindo ao Governo o reconhecimento do Estado da Palestina.

Com o mote "Fim ao Genocídio! Reconhecimento do Estado da Palestina Já!", a manifestação teve início às 18:00 no Largo do Chiado, em Lisboa, e foi coorganizada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), com o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), o Projecto Ruído - Associação Juvenil e a CGTP.

A manifestação reuniu vários dirigentes políticos, como o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua e o deputado do Livre, Jorge Pinto.

ANTONIO COTRIM/Lusa

Paulo Raimundo, à margem da manifestação, já em frente à Assembleia da República, disse que "não há razão para o Estado português continuar a teimar e não dar esse contributo para a paz" que seria "reconhecer o Estado da Palestina".

"Ainda hoje tive a oportunidade de questionar o primeiro-ministro e mais uma vez voltar a exigir, a apelar a esse reconhecimento que qualquer dia Portugal é dos últimos países da União Europeia a reconhecer o Estado da Palestina. E está no leque da lista dos países da vergonha" que são todos "aqueles que não reconhecem nem o Estado da Palestina nem o genocídio que está a acontecer neste momento", acrescentou o secretário-geral do PCP.

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Já o deputado do Livre, Jorge Pinto, apontou que a posição do partido é clara e passa por três aspetos, sendo o primeiro "um cessar de fogo imediato e permanente para pôr fim ao genocídio em curso em Gaza".

"Esta é a primeira e a mais urgente das ações. A segunda é abrir as fronteiras para que a ajuda alimentar possa entrar em Gaza já, para que não continuemos a ter milhares de crianças a morrer à fome. E o terceiro aspeto, igualmente essencial e crítico, é o reconhecimento por parte do Governo português da independência da Palestina enquanto Estado autónomo e livre", acrescentou o deputado.

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Mariana Mortágua também disse que não há nenhuma razão para o Governo português não reconhecer o Estado da Palestina e "será, ou quer ser, o último governo do Ocidente a reconhecer a Palestina".

"Perante um genocídio, perante sucessivas violações do direito internacional, perante os alertas da ONU, perante todas as evidências de um massacre que Israel leva contra o povo palestiniano, invasão no seu território, uma política de extremismo étnico e de racismo e de imperialismo e de invasão, o reconhecimento da Palestina é o gesto simbólico mais importante a fazer neste momento para travar a guerra, para travar Israel, mas não é o único", acrescentou a deputada única do Bloco.

Para Mortágua é também necessário "impor sanções a Israel, acabar com o acordo de cooperação entre a União Europeia e Israel e parar com as exportações de armas para Israel".

Presente na manifestação, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, o facto de a manifestação culminar em frente à Assembleia da República é propositado, uma vez que hoje e terça-feira discute-se o programa do Governo.

"É preciso, de facto, uma posição concreta do Governo português relativamente ao reconhecimento do Estado da Palestina como um Estado independente e soberano. Portugal não pode continuar nesta indefinição, não pode continuar nesta posição de subserviência para com aquilo que são as diretrizes da União Europeia e dos Estados Unidos relativamente a reconhecer o Estado da Palestina", adiantou Tiago Oliveira.

A cidadã Sofia Gusmão, reformada, juntou-se à manifestação por defender que "não é possível sermos coniventes com aquilo que se está a passar".

"Estão a dizimar um povo, mas já não é só um povo. Israel tem de parar de criar instabilidade em todo o Médio Oriente, porque as pessoas precisam de paz, precisam de vida, precisam de escola, precisam de terra", acrescentou.

Para a manifestante, o Governo português "é uma vergonha" e não copia os bons exemplos como Espanha, que já reconheceu a Palestina como Estado.

"Porque é que nós estamos sempre dependentes do patrão? O patrão são os Estados Unidos e, portanto, o Governo português devia ter uma posição clara, porque a nossa Constituição diz que não à guerra", adiantou Sofia Gusmão, sublinhando que "os palestinianos são um povo heroico, mas vão desaparecer se ninguém conseguir alterar a situação".

Já Pedro Coimbra, arquiteto, decidiu juntar-se à manifestação por "pura solidariedade com o que está a acontecer ao povo da Palestina".

"Acho importante que reconheçamos o Estado da Palestina. Acho importante lutarmos por uma paz que nos junta para o fim deste imperialismo, do colonialismo e da violência", acrescentou.