O candidato da extrema-direita romena George Simion, derrotado no domingo na segunda volta das presidenciais na Roménia, anunciou ter apresentado um pedido de anulação das eleições por "ingerência externa", nomeadamente de França.

"Peço oficialmente ao Tribunal Constitucional que ANULE as eleições", escreveu Simion na rede social X.

"Pelas mesmas razões" que levaram à anulação do escrutínio de novembro: "INGERÊNCIA EXTERNA", acrescentou, numa mensagem acompanhada das bandeiras de França e da Moldova.

Num comunicado, o líder do partido AUR precisou em seguida ter "apresentado formalmente o pedido".

Segundo os resultados finais do escrutínio, Simion obteve 46,4% dos votos, contra os 53,6% conquistados pelo presidente da Câmara de Bucareste, o europeísta Nicusor Dan.

Embora se tenha inicialmente declarado Presidente da Roménia, Simion admitiu mais tarde a derrota, tendo em conta a clara margem entre a sua votação e a do adversário.

Uma "tentativa orquestrada" de influenciar as eleições

O nacionalista de 38 anos, admirador do chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, explicou que "não queria provocar um banho de sangue" ao contestar as eleições no domingo à noite, o que podia levar os apoiantes a sair à rua.

Mas disse ter "provas irrefutáveis (...) de uma tentativa orquestrada" de influenciar o resultado das eleições.

Simion volta a acusar Paris de ingerência nas eleições

Depois de uma acusação virulenta, na semana passada, contra o Presidente francês, Emmanuel Macron, George Simion voltou a acusar Paris de ingerência nas eleições em favor do adversário e convocou Pavel Durov, o fundador do serviço digital de mensagens Telegram, para testemunhar em tribunal.

No domingo, Pavel Durov acusou diretamente o chefe dos serviços secretos franceses, afirmando: "Na primavera, no Salon des Batailles do Hôtel de Crillon [em Paris], Nicolas Lerner [chefe dos serviços secretos franceses] (...) pediu-me para suprimir as vozes conservadoras na Roménia antes das eleições", escreveu na rede social X.

Estas alegações foram consideradas pela Direção-Geral de Segurança Externa (DGSE, serviços secretos franceses) suficientemente graves para romper o silêncio habitual.

Na segunda-feira, "refutou energicamente as alegações segundo as quais pedidos de interdição de contas, relacionados com qualquer processo eleitoral, terão sido realizados nessa ocasião".

Após meses de tensão, a Roménia esperava finalmente virar a página com este epílogo eleitoral, mas o recurso de George Simion corre o risco de agravar o clima numa sociedade extremamente polarizada, onde grassam a desilusão e a raiva contra uma classe política considerada corrupta e arrogante.

George Simion tomou esta decisão na sequência de comentários "online" que o animaram a aceitar o desafio. Antes do anúncio, respondeu na plataforma digital TikTok: "Sim, vou fazer isso! Sem problema! Sou um lutador, não sou um cobarde, nem um traidor!".