Os antigos guerrilheiros, que acusam o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, de ser incapaz de continuar na liderança e exigem a sua demissão, foram retirados da sede do partido, em Maputo, pela Unidade de Intervenção Rápida, da polícia, e levados a um posto policial, onde supostamente deviam ser ouvidos pelo líder daquela força política.

"Nós fomos enganados. O objetivo deles era retirar-nos daquela casa. O senhor Ossufo fez tudo para que nós saíssemos dali e usou a força policial", declarou à comunicação social Edgar Silva, porta-voz do grupo, que hoje esteve à porta do Tribunal Judicial de Kanfumo, na cidade de Maputo.

A Polícia moçambicana recorreu a tiros e gás lacrimogéneo para retirar antigos guerrilheiros da sede da Renamo e do gabinete do presidente daquela força política.

Segundo o porta-voz do grupo, após a sua libertação na noite de quinta-feira, o comando da polícia moçambicana na cidade de Maputo disse que os antigos guerrilheiros deviam-se apresentar ao tribunal hoje.

"Suponho eu que o motivo desta notificação, que foi verbal, tenha sido as escaramuças. Fomos baleados e alguns colegas foram feridos", declarou Edgar Silva, que acrescenta que, num universo de mais de 50 membros, pelo menos seis membros do grupo acabaram feridos na quarta-feira.

"Pelo que nós vemos, o tribunal não tem informação. O partido nem apareceu, sequer", declarou o porta-voz.

Ossufo Momade, cuja liderança já tinha sido questionada, assumiu a presidência da Renamo em janeiro de 2019, após a morte de Afonso Dhlakama (1953 --2018) e foi reeleito para o cargo em maio de 2024, num processo fortemente contestado internamente.

A Renamo perdeu o estatuto da segunda força política mais votada nas eleições gerais de 09 de outubro, passando de 60 deputados, que obteve nas legislativas de 2019, para 28 parlamentares.

Momade foi candidato presidencial nas eleições gerais de 09 de outubro 2024, obtendo 6% dos votos, o pior resultado de um candidato apoiado pelo partido, que foi a principal força de oposição em Moçambique desde as primeiras eleições, 1994.

Durante 16 anos, Moçambique viveu uma guerra civil, que opôs o exército governamental e a Renamo, tendo terminado com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, em 1992, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, abrindo-se, assim, espaço para as primeiras eleições, dois anos depois.

EAC (PVJ) // JMC

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