O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, declarou hoje em Telavive, após um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que este "está pronto" para chegar a um acordo para a troca de reféns em Gaza.
Sullivan disse ainda que Netanyahu não parece estar à espera do regresso de Donald Trump à Casa Branca (presidência norte-americana), a 20 de janeiro, para assinar o acordo com o movimento islamita palestiniano Hamas, e que os Estados Unidos da América (EUA) estão a tentar garantir o acordo antes do final do mês.
"Quando vou a Doha e ao Cairo, o meu objetivo é colocar-nos em posição de fechar o acordo este mês. Não estaria aqui se fosse preciso esperar até 20 de janeiro", afirmou.
O conselheiro do Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, disse que as recentes conquistas militares de Israel, incluindo o enfraquecimento do grupo xiita Hezbollah durante a guerra no Líbano e o assassinato dos líderes do Hamas Ismail Haniyeh e Yahya Sinwar, ajudaram a criar um clima propício a um acordo.
A isto soma-se a perda de influência do Irão na região, tanto devido ao enfraquecimento do Hezbollah como à queda do regime de Bashar al-Assad na Síria, país que a República Islâmica utilizava como rota para o envio de armas às milícias suas aliadas.
Sullivan sublinhou ainda a disponibilidade dos EUA para chegar a um acordo sobre uma troca de reféns por prisioneiros palestinianos em Gaza, uma vez que há sete norte-americanos entre os 96 prisioneiros que ainda se encontram no enclave palestiniano, de um total de cerca de 250 raptados por milicianos do Hamas nos ataques de 07 de outubro de 2023.
Os EUA consideram que três dos seus sete cidadãos que se encontram na Faixa de Gaza ainda estão vivos. Até à data, Israel estima que 34 dos restantes prisioneiros no enclave estão mortos, embora se acredite que o número possa ser muito superior.
Israel e o Hamas estão atualmente a realizar conversações indiretas no Cairo para tentar chegar a um acordo "próximo", nas palavras de Sullivan, embora ainda haja um fosso entre as partes.
"Precisamos de passar à fase inicial [do acordo], para começar a produzir libertações reais", afirmou.
Embora ambos os lados tendam a concordar com a primeira fase do acordo, marcada pela troca de reféns por prisioneiros palestinianos, a continuação do pacto é um obstáculo nas conversações, uma vez que implica a retirada das tropas israelitas ou a sua permanência em certas zonas de Gaza, algo que os islamitas rejeitam.
No entanto, tanto as autoridades israelitas como as de Gaza acolhem com agrado a nova ronda de negociações.
Hoje, um responsável da Jihad Islâmica palestiniana reiterou que "há otimismo quanto à possibilidade de se chegar a um acordo", segundo avançou o 'media' palestiniano Al Quds News.
Por outro lado, Jake Sullivan instou as autoridades israelitas a não deixarem morrer à fome os palestinianos da Faixa de Gaza, no contexto do bloqueio à ajuda humanitária, sublinhando que "alimentar crianças famintas não prejudica a segurança do Estado de Israel".
"Vamos certificar-nos de que Israel não é responsável pela terceira crise de fome do século XXI", disse aos jornalistas em Telavive.