Portugal tem 66 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para investir numa resposta social inovadora chamada Habitação Colaborativa. É uma nova forma de viver que promove a inclusão e combate o isolamento de pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Por todo o país foram aprovados 59 projetos que devem estar concluídos até 2026.

A Habitação Colaborativa é uma alternativa à habitação tradicional, que combina espaços privados e comuns, e que promove a interação e o apoio entre residentes. O conceito nasceu na Dinamarca, nos anos 70, e espalhou-se pelo mundo. A Grande Reportagem visitou um dos primeiros projetos de Habitação Colaborativa sénior criado em Espanha. O Centro Convivir está a funcionar há nove anos na localidade de Horcajo de Santiago, a uma hora e meia de Madrid. Surgiu da vontade de um grupo de amigos de viverem juntos para desfrutarem da reforma.

"Tínhamos uma amizade de muitos anos. Os filhos já estavam grandes e então pensamos que seria bom vivermos juntos para desfrutarmos da nossa reforma", conta Timoteo Gaitán, residente e diretor do Centro Convivir.

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Em conjunto idealizaram um edifício com apartamentos, espaços comuns e serviços partilhados, gerido por eles sob a forma de cooperativa. Uma alternativa aos lares e uma forma de combater a pandemia do século XXI que é a solidão.

"Acho que a vida dos idosos numa grande cidade é desumana. Eu não tenho filhos, tenho sobrinhos. Mas nunca quis ser um peso para ninguém. Aqui vi uma possibilidade de não estar só", afirma Teresa Cabello, residente no Centro.

Criaram uma cooperativa e de amigos passaram também a sócios. Ergueram o Centro Convivir, um dos primeiros projetos de habitação colaborativa sénior em Espanha, que custou 7 milhões e meio de euros. Hoje, perto de 80 idosos vivem em comunidade.

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Em Portugal começam agora a ser dados os primeiros passos na criação de Habitação Colaborativa como resposta social destinada a pessoas em situação de maior vulnerabilidade, como é o caso dos idosos. No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência - que disponibilizou 66 milhões de euros para a criação de 2 mil vagas - foram já aprovados 59 projetos, apresentados sobretudo por Misericórdias e Instituições Particulares de Solidariedade Social.

Fomos conhecer dois desses projetos que devem começar a funcionar no próximo ano. Um em Valpaços, com capacidade para 45 pessoas.

"É sair dos lares para entrar nas casas. Isto é um meio caminho entre os lares e as casas de cada um mas com condições melhores", diz Altamiro Claro, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços.

Mas nem todas as candidaturas apresentadas vão por diante. Algumas ficaram pelo caminho, depois de terem sido aprovadas, porque os concursos públicos para adjudicação das obras ficaram vazios.

Em 2026 todos os projetos no âmbito do PRR devem estar concluídos. O tempo dirá se era esta a oportunidade que faltava para podermos escolher onde vamos viver quando formos velhos.