
O documentário "Os Olhos da Revolução", de Jacinto Godinho e Carlos Oliveira, está entre os finalistas dos prémios internacionais de jornalismo da Fundação Gabo, de Gabriel García Márquez, cujos vencedores serão anunciados hoje em Cartagena, na Colômbia.
Produzido pela RTP, nos 50 anos do 25 de Abril, o documentário recorda cineastas desconhecidos que mostraram a revolução portuguesa: uma equipa da então ORTF, televisão pública francesa, que estava em Lisboa na expectativa de um golpe militar; uma equipa da TVE que conseguiu filmar imagens únicas do cerco à sede da PIDE/DGS, na madrugada de 26 de abril; e um operador de câmara da RTP, impedido de entrar nas instalações já ocupadas da estação, que filmou as operações do movimento dos capitães, nas ruas de Lisboa, garantindo as únicas imagens desse dia, na televisão portuguesa.
Os Prémios Gabo, atribuídos pela fundação criada pelo escritor e jornalista colombiano Gabriel García Márquez em 1995, foram instituídos em 2013 e distinguem trabalhos jornalísticos do espaço iberoamericano, em seis categorias: áudio, texto, imagem, fotografia, cobertura e inovação.
O documentário "Os Olhos da Revolução", com edição de Sara Cravina e produção de Gonçalo Silva, é finalista na categoria imagem, competindo com "A Raposa", da BBC News Brasil/BBC World Service, sobre narcotráfico, e "En la caliente - Historias de un guerrero del reguetón", coprodução entre Cuba e os Estados Unidos, através de The Cuban Joint, Zafra Media, Cacha Films e Caffeine Post, centrado no músico cubano Candyman (Ruben Cuesta Palomo), pioneiro do 'reggaeton', como epicentro de transformações sociais do seu país, no final dos anos 1990.
Na anterior fase de seleção, também estiveram nomeados para os Prémios Gabo 2025 dois trabalhos do jornal Expresso: a reportagem "Diários Migrantes", de Salomé Rita, Ana França, Tiago Pereira Santos e João Carlos Santos; e "Mitra, o 'depósito' de Lisboa onde o Estado Novo fechava os indesejáveis", de Raquel Moleiro, Joana Pereira Bastos, Tiago Miranda e Ruben Tiago.
Gabo era o diminutivo assumido por Gabriel García Márquez (1927-2014), Prémio Nobel de Literatura em 1982, autor de "Cem Anos de Solidão" e "Crónica de Uma Morte Anunciada".
Os prémios são entregues no âmbito do Festival Gabo, fórum dedicado à prática jornalística, a decorrer em Cartagena, na Colômbia, até domingo.
Os vencedores do Prémio Gabo recebem 35 milhões de pesos colombianos (cerca de 7360 euros), um diploma e um exemplar da escultura "Gabriel", do artista colombiano António Caro (1950-2021).