
Dezenas de camiões com ajuda humanitária atravessaram hoje a fronteira egípcia de Rafah em direção à Faixa de Gaza, após Israel anunciar uma "pausa tática", e os Emirados Árabes Unidos pretendem retomar a ajuda aérea aquele território "imediatamente".
"Dezenas de camiões egípcios com ajuda humanitária começaram a sair do lado egípcio da passagem de Rafah na manhã de domingo em direção à Faixa de Gaza. Os camiões transportam grandes quantidades de alimentos, farinha e suprimentos essenciais para infraestruturas, como parte dos esforços contínuos do Egito para aliviar a crise humanitária que se agrava na Faixa", avançaram televisões estatais egípcias, como a Al Qahera News e a ExtraNews.
Ambas as emissoras mostraram imagens ao vivo dos camiões a deixar o território egípcio, embora não tenham indicado, até ao momento, o número de veículos que estão a atravessar a fronteira.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Abdullah bin Zayed Al Nahyan, garantiu que o seu país retomará a ajuda aérea a Gaza "imediatamente", após a situação humanitária na Faixa ter atingido "um estágio crítico e sem precedentes".
"Os lançamentos aéreos serão retomados imediatamente, mais uma vez. O nosso compromisso de aliviar o sofrimento e prestar apoio é firme e inabalável", afirmou nas últimas horas o chefe da diplomacia dos Emirados na sua conta oficial no X.
Sustentando que "a situação humanitária em Gaza atingiu um nível crítico e sem precedentes", assegurou que os Emirados Árabes Unidos "continuam na vanguarda dos esforços para prestar assistência vital ao povo palestino": "Garantiremos que a ajuda essencial chegue aos mais necessitados, seja por terra, ar ou mar", disse.
Os Emirados, que em 2020 normalizaram as relações com Israel, continuam a enviar ajuda ao enclave palestiniano através de várias iniciativas humanitárias.
De acordo com a televisão estatal egípcia Al Qahera News, nos últimos quatro dias entraram em Kerem Shalom (Israel), para inspeção, um total de 458 camiões que transportavam vários tipos de alimentos e ajuda humanitária, incluindo leite em pó para bebés e farinha.
Segundo o canal, esses produtos estavam armazenados na zona logística de Rafah, localizada na península do Sinai egípcio --- no leste do Egito e na fronteira com Gaza ---, já há "muito tempo", mas as autoridades egípcias não permitem que "nenhum dos produtos seja transportado sem verificar a data de validade e se é próprio para consumo humano".
Face a um aumento alarmante de mortes por desnutrição na Faixa de Gaza, o exército israelita anunciou hoje uma "pausa tática" diária de 10 horas nas suas atividades militares em três zonas do enclave para permitir a distribuição de ajuda humanitária "todos os dias até novo aviso".
O exército acrescentou que serão estabelecidas "rotas seguras" entre as 06:00 (04:00 em Lisboa) e as 23:00 (21:00 em Lisboa) para permitir o trânsito de comboios da ONU e de organizações humanitárias que distribuem alimentos e medicamentos à população de Gaza.
Esta decisão surge depois de Israel ter anunciado o reinício dos lançamentos aéreos de ajuda humanitária sobre Gaza, onde as mortes por desnutrição dispararam nas últimas semanas.
No sábado, o governo de Gaza alertou que, se nos próximos dias não entrar leite em pó e suplementos nutricionais, mais de 100.000 crianças em Gaza correm o risco de morrer de desnutrição.
O número total de vítimas por desnutrição desde o início da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, em 07 de outubro de 2023, ascende a 127, das quais 85 eram crianças, de acordo com dados do departamento de Saúde de Gaza.