Estima-se que, anualmente, mais de 4 milhões de doentes contraiam infeções hospitalares da União Europeia, com cerca de 80 mil doentes afetados diariamente. Estas infeções, agravadas pela resistência antimicrobiana, representam um risco elevado de mortalidade, mas também custos significativos. Estudos recentes mostram que a melhoria do ambiente interior hospitalar pode reduzir os custos associados a doenças transmitidas pelo ar em 9% a 20%.

Nesse sentido, o projeto “Human – Centric Indoor Climate for Healthcare Facilities (HumanIC) engloba e financia os trabalhos de 11 teses de doutoramento, a ser realizadas em oito universidades europeias. A abordagem proposta ultrapassa os métodos tradicionais, que se concentram exclusivamente nos edifícios e nos seus sistemas de ventilação e climatização, propondo soluções que integram as interações complexas entre fontes de contaminação, fluxos de ar e as necessidades clínicas e energéticas dos hospitais.

“Há evidências claras de que os escoamentos de ar controlam a dispersão e a exposição a agentes patogénicos transportados pelo próprio ar e depositados nas superfícies nos microambientes que rodeiam e estão nas proximidades do corpo humano. Desta forma, pretendemos desenvolver métodos inovadores que analisam as interações humanas com os microambientes de risco, como salas de cirurgia e enfermarias”, explica Manuel Gameiro da Silva, docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da FCTUC e coordenador do projeto na UC.

“O objetivo é minimizar a propagação de agentes patogénicos transportados pelo ar, garantindo ao mesmo tempo conforto térmico e segurança. Ao gerar novos conhecimentos sobre a transmissão de contaminantes e a dinâmica dos fluxos de ar, pretendemos otimizar o design de soluções técnicas e implementar métodos eficazes de controlo do clima interior em hospitais”, afirma o também investigador da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI).

De acordo com Manuel Gameiro da Silva, “este tipo de clima interno desempenha um papel crucial em locais como salas de operações, unidades de isolamento e laboratórios, onde a segurança depende de condições ambientais altamente controladas.

O projeto HumanIC, liderado pela Universidade Técnica de Varsóvia, e no qual participam as faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e de Medicina (FMUC), é financiado pela Comissão Europeia, através do programa Horizonte Europa, com o valor global de 2,7 milhões de euros. Irá decorrerá, até 2027, e conta com a participação de parceiros académicos e tecnológicos de uma dezena de países.

MJG

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