Pelo menos 161 pessoas ainda estão desaparecidas, após as devastadoras inundações no Texas, que já causaram mais de 100 mortos, anunciou esta terça-feira o governador deste Estado do Sul dos Estados Unidos.

"Só no condado de Kerr, 161 pessoas são dadas como desaparecidas", frisou o governador Greg Abbott em conferência de imprensa em Hunt, no Texas, uma das cidades mais atingidas pelo desastre.

O governante detalhou que este número se baseia no número de pessoas dadas como desaparecidas por amigos, familiares e vizinhos.

"Temos de encontrar cada pessoa (...) essa é a prioridade número um", frisou ainda o líder republicano.

As equipas de resgate continuaram as buscas no Texas, sob condições terríveis, mesmo com a esperança de encontrar sobreviventes a diminuir cinco dias após as inundações.

Só o condado de Kerr, o mais atingido, registou 87 mortes, incluindo 30 crianças, anunciou o xerife do condado, Larry Leitha, numa conferência de imprensa na manhã de terça-feira.

No total, foram registadas pelo menos 108 mortes relacionadas com as cheias na região central do estado, segundo as autoridades.

Entre as vítimas estão 27 crianças e monitores do acampamento cristão para raparigas Camp Mystic, nas margens do rio Guadalupe, que albergou cerca de 750 pessoas.

Esperanças de encontrar sobreviventes são escassas

Helicópteros, drones e equipas de cães ainda estão a trabalhar, referiu o tenente-coronel Ben Baker, do Corpo de Guardas Florestais do Texas, apesar das condições difíceis.

As esperanças de encontrar sobreviventes são agora escassas, cinco dias depois da cheia repentina que atingiu esta zona turística na sexta-feira, em pleno feriado prolongado.

"Tanto quanto sei, o último resgate (...) foi feito na sexta-feira", frisou Jonathan Lamb, da polícia de Kerrville.

Na cidade de Hunt, epicentro do desastre, as equipas de busca vasculham a lama e as pilhas de escombros, enquanto os helicópteros sobrevoam o local, observou a agência France-Presse (AFP).

A região central do Texas deixou de estar sob alerta de inundações, mas "episódios isolados de chuvas fortes são possíveis", alertou o serviço meteorológico.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou que irá visitar o local do desastre na sexta-feira, acompanhado pela mulher, Melania.

Casa Branca rejeita críticas

Na segunda-feira, a Casa Branca rejeitou duramente as críticas de que os cortes orçamentais no Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês) prejudicaram a fiabilidade das previsões e alertas.

"Culpar o Presidente Trump por estas inundações é uma mentira hedionda, que não faz sentido neste momento de luto nacional", salientou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.

A porta-voz realçou que o NWS tinha emitido "previsões e alertas oportunos e precisos".

Foi emitido um alerta pouco depois das 01:00 (hora local), mas muitos moradores estavam a dormir ou tinham desligado os telemóveis.

As cheias repentinas foram causadas por chuvas torrenciais na manhã de sexta-feira, que fizeram o rio Guadalupe subir oito metros em apenas 45 minutos.

Caíram quase 300 milímetros de chuva por hora, um terço da precipitação média anual.

As inundações repentinas, causadas por chuvas torrenciais que o solo ressecado não consegue absorver, não são incomuns.

Mas, de acordo com a comunidade científica, as alterações climáticas induzidas pelo homem tornaram eventos climáticos como inundações, secas e ondas de calor mais frequentes e intensos.

Com Lusa