
O Chega vai pedir a realização de um debate de urgência na sexta-feira sobre a privatização parcial da TAP para que o Governo explique ao Parlamento os contornos do negócio, anunciou esta quinta-feira o presidente do partido.
"O Chega vai requerer para amanhã [sexta-feira] um debate de urgência no Parlamento em relação ao processo de privatização da TAP", afirmou André Ventura, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
André Ventura afirmou que o anúncio foi feito "de surpresa" e "sem consulta aos maiores partidos", pelo que o Parlamento deve saber mais pormenores sobre o modelo de negócio.
O líder do Chega considerou que o processo da TAP muitas vezes foi "ruinoso para os contribuintes, e o Parlamento tem o direito, também o dever, de saber como é que este negócio vai ser feito, em que contexto vai ser feito e de que forma vai ser feito".
André Ventura disse que o Chega "não será um obstáculo à privatização parcial da TAP", mas opõe-se a "qualquer negócio que leve a uma privatização selvagem" da companhia aérea que "impeça rotas decisivas, como aquelas que ligam à diáspora, aos emigrantes, ou aquelas que ligam aos pontos principais de investimento nacional, como é o caso do Brasil, dos Estados Unidos da América, ou do Canadá".
"O Chega nunca aceitaria a privatização completa, selvagem e total da TAP", indicou.
"A garantia de que o Estado mantenha o controlo nas rotas decisivas e da TAP como uma empresa de serviço para os portugueses, nomeadamente para os portugueses emigrantes lá fora, é para nós um ponto decisivo do qual não abdicaremos", defendeu Ventura.
O deputado afirmou que "o que está em causa neste momento é recuperar cerca de 500 mil euros com esta alienação", o que na sua opinião é um valor "absurdo" e representa "um mau negócio para Portugal".
"Com que critérios é que nós podemos chegar à conclusão de que estamos a fazer um negócio aceitável? É que tudo indica, até agora, que não estejamos a fazer um negócio aceitável, que estejamos a ter um negócio ruinoso para os contribuintes, que são quem, mais uma vez, vai pagar esta fatura", salientou.
Ventura alertou que "se o Governo quer ter no Chega um partido que pode ajudar a melhorar este processo, e não um obstáculo, tem que dar também garantias de que haverá uma gestão mais eficaz na TAP e não continuar a desperdiçar dinheiro de forma incompreensível", de que serão garantidas rotas para servir os emigrantes "e para os pontos principais de contacto da cultura portuguesa e do investimento português".
"O Chega quer garantir que, independentemente do modelo de negócio e do tipo de negócio, a TAP funciona para todos, especialmente para os portugueses, quer os que estão cá, quer os que estão fora, mas também garantir uma gestão que, de todos os pontos de vista, garante que a TAP funciona, com menos atrasos, com menos bloqueios e com menos obstrução. Devia ser essa a preocupação do Governo e não o desfazer-se da TAP a qualquer custo", indicou.
O presidente do Chega quer também que o dinheiro investido pelo Estado na TAP seja devolvido aos portugueses.
O Governo aprovou esta quinta-feira o decreto-lei que inicia o processo de reprivatização da TAP e no qual pretende alienar, numa primeira fase, 49,9% do capital da companhia aérea, anunciou o primeiro-ministro.