O líder do PS desafiou formalmente o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a negociar um Acordo Estratégico para um Plano de Desenvolvimento Nacional e de Capacitação da Defesa, estabelecendo um prazo de três meses para a sua concretização. De acordo com o jornal “Público”, a proposta foi enviada por carta e tem como objetivo abrir um diálogo institucional entre o PSD e o PS.

José Luís Carneiro sugeriu ainda a criação de um grupo de trabalho parlamentar conjunto entre o PSD e o PS, a fim de apresentar uma proposta de acordo à Assembleia da República. O objetivo é assegurar a unidade de propósitos, uma visão de longo prazo e um consenso político alargado, de modo a garantir a previsibilidade e a continuidade dos investimentos.

Na mesma carta, o líder do PS manifesta grande surpresa com os compromissos de investimento na área da Defesa assumidos pelo Governo na Cimeira da NATO, nomeadamente atingir os 2% do PIB até ao final do ano e os 5% até 2035. O PS alega que estes compromissos não foram devidamente discutidos com o partido (apesar do encontro entre os dois em São Bento antes da cimeira) e que não são exequíveis sem um amplo apoio social e político, apoio esse que o Governo não tem procurado.

A surpresa estendeu-se também ao comunicado do Conselho Superior de Defesa Nacional sobre o plano de 2% do PIB, dado que não houve qualquer alteração conhecida ao planeamento estratégico da Defesa Nacional, o qual, constitucionalmente, envolve a Assembleia da República.

Apesar do mal-estar, o PS considera a Defesa uma oportunidade de desenvolvimento do país. Entre os principais objetivos do PS, destacam-se o investimento em Defesa como fator de soberania e inovação, o lançamento de programas estruturantes de capacitação industrial com envolvimento das PME (pequenas e médias empresas) e a valorização do potencial de duplo uso da Defesa em áreas como a construção naval e aeronáutica, proteção civil, cibersegurança, logística, robótica, construção de viaturas, baterias, tecnologias espaciais e infraestruturas.

Para apoiar a sua proposta, José Luís Carneiro anexou à carta um documento de cinco páginas, que contou com a contribuição de personalidades como Marcos Perestrello, Carlos César e Nuno Severiano Teixeira.