Como é que surgiu o desafio de ir às Europeias pelo ADN?
Eu tenho sido muitas vezes desafiada a concorrer, sempre que há eleições, algum partido me convida para concorrer.
Mas sempre partidos diferentes?
Normalmente os pequenos partidos… e a razão é simples: as eleições obrigam a que se tenha um partido, um veículo, para avançar. Eu aliás tenho lutado contra isto, para que se permita que, tal como nas autárquicas e nas presidenciais, se permita a listas de cidadãos avançar a solo nas regionais, nas legislativas e nas europeias. Isso faz até parte do programa eleitoral do ADN, uma parte democracia mais participativa. Mas isso não existe porque a partidocracia não quer abrir mão desse poder. Eles não podem querer sol na eira e chuva no nabal, criticar as pessoas que vão pelos pequenos partidos quando lhes são vedadas as outras opções. É um discurso altamente hipócrita.
É isso que justifica que já tenha avançado por partidos tão diferentes?
Claro, são veículos, porque nós, cidadãos ativos, ativistas, com uma consciência cívica ou cidadã não temos outra hipótese.
Há sempre a possibilidade de fundar um partido.
Mas não sei se isso acrescenta, já existem muitos partidos. Agora nas Europeias estão 17 a concorrer (15 partidos e duas coligações). Portanto para concorrer eu precisava de um partido. E tive vários convites.
Escolhi concorrer pelo ADN porque a minha agenda é largamente coincidente com a deles. As pessoas dizem que é um casamento extravagante, mas não tem nada de exótico
Por exemplo?
O antigo PURP, que agora é ATUA. Mas escolhi o ADN em primeiro lugar porque a minha agenda é largamente coincidente com a deles. As pessoas dizem que é um casamento extravagante, mas não tem nada de exótico. Repare-se que o programa do ADN é muito centrado no combate à Agenda 2030, é o único partido que defende a paz – e eu considero-me uma pacifista; não tenho feito outra coisa estes 20 anos da minha vida pública senão defender a paz; é um partido que está completamente contra esta globalização desenfreada que também combato. Fui aliás detida com o Miguel Portas e com o Louçã em 2002, quando íamos para um fórum em Sevilha, e nunca mais parei de ter chatices por isso. É um partido que defende o aprofundamento da democracia... Veja-se que temos sete instituições europeias e só uma é que vai a votos. Qualquer pessoa que esteja de boa-fé, que seja democrata, não aceita isto. Nós temos uma Comissão Europeia não eleita, um Banco Central Europeu não eleito, um Tribunal Europeu… são tudo cargos de nomeação, para mais instituições supranacionais que ninguém escolheu e que têm poderes brutais sobre a vida dos cidadãos.
É por isso que estas eleições são tão importantes?
Estas eleições são muito importantes por várias razões, mas também por isto, porque na verdade hoje os deputados à Assembleia da República são praticamente fantoches.
O centro de decisão está em Bruxelas.
Exato, isto aqui é um teatrinho muito bonito, mas depois as diretivas europeias é que decidem. E pior, quando os governos não conseguem aprovar alguma legislação no Parlamento ou não querem fazê-lo porque perdem votos, fazem um bypass, vão à instituição europeia e a legislação entra por esta espécie de porta do cavalo.
Acho que não é coincidência que todas as pessoas que nós conseguimos identificar no vídeo [quando fui agredida no 25 de Abril] sejam do PS.
Portugal não tem assim tanto poder.
Mas no Conselho de Ministros europeus são feitos muitos arranjinhos políticos. Eu coço agora as tuas costas, depois tu coças as minhas; e, portanto, há ali muito tacticismo e é assim que muitos primeiros-ministros conseguem que se adote legislação que não entrou no Parlamento porque não têm maioria absoluta ou porque ou porque não querem pura e simplesmente perder pontos à frente do eleitorado. O que nós queremos é que estes circuitos vão votos, sejam eleitos, porque não podemos ter as decisões da nossa vida feitas num altar de qualquer que está acima de qualquer escrutínio. E tenho-me batido por isso toda a vida, eu sou a mesma.
Esse é um lema da campanha…
É verdade, eu não mudei assim tanto os meus princípios e valores. Claro, estou mais velha, tenho mais experiência de vida, mas não mudei naquilo que é o centro nevrálgico das minhas posições políticas. Eu não mudei. E há, de facto, esta coincidência com ADN nesses pontos e noutro ainda, dentro da Agenda 2030, que é o corte aos nossos direitos, liberdades e garantias que está a ser feito pela via da transição digital. Já tivemos aqui uma espécie de tentativa através da Carta dos Direitos Humanos na Era Digital, que felizmente, e também graças à minha batalha e de muitos outros ativistas, foi ao charco. Mas isto são tentativas de atirar o barro à parede… e no fim ficamos todos chipados, com os dados todos cruzados e quando dermos por nós vamos a uma consulta de clínica geral e a médica diz que temos colesterol porque comemos outra vez bifinhos com natas e batata frita! Eu acho que a privacidade, o anonimato, etc. são valores muito importantes. Outro tema, que é um assunto magno, é a pretensão da Europa de acabar com o dinheiro físico. É uma transformação profunda, de que ninguém fala, mas para o qual eu há muito tempo que ando na rua a alertar e a defender a continuidade do dinheiro físico.
Já existem repartições de finanças e da segurança social que não admitem pagamentos que não sejam digitais. Isto é ilegal, o próprio Estado está ilegal, mas a lei portuguesa é convenientemente omissa e beneficia o infrator porque não tem consequência.
A União Europeia tem dito que não é isso que está em causa, não se vai acabar com o dinheiro físico.
Mas é o que se está a preparar. E já existem lojas que só aceitam meios digitais de pagamento – contra a lei, aliás, como eu já mostrei, por exemplo na Gleba e no Time Out Market. E até já existem repartições de finanças e da segurança social que não admitem pagamentos que não sejam digitais. Isto é ilegal, o próprio Estado está ilegal, mas a lei portuguesa é convenientemente omissa, porque diz que é ilegal qualquer estabelecimento, privado ou público, recusar os pagamentos em dinheiro até 3 mil euros – a partir desse valor está previsto que não se possam fazer em dinheiro, e bem, por questões de rastreamento – mas depois não prevê qualquer coima ou sanção para quem o faça. Estamos a falar de pagar uma carcaça ou um prato de polvo, são 50 cêntimos, 20 euros, mas o estabelecimento recusa receber em dinheiro, eu chamo a polícia e não acontece nada porque a lei é omissa e é o infrator que sai beneficiado – e ninguém tem tempo, dinheiro, informação ou paciência para ir a tribunal por isto. Eu lancei já uma petição contra isto e está quase a atingir o número suficiente para ir à Assembleia da República.
E esses são temas que aproximam do ADN.
São os únicos que também puseram o pé na porta. E também em relação a esta questão da transição digital e da forma galopante como se tem atentado contra as nossas liberdades, direitos e garantias. E o ADN é o único que pugna pela paz, nesta visão pacifista, negocial, dialogante, diplomática, de voltar à mesa de conversações, porque é aí que nós temos de encontrar soluções.
Vamos fazer a campanha mais criativa alguma vez vista.
Mas partidos como o PCP e o BE também se dizem pacifistas. Não são?
Não, eu acho que não. Têm sido bastante a favor de continuar a encher a Ucrânia da armamento, acrescentar guerra à guerra, e isto tem de parar, até porque drena completamente os recursos e os meios da União Europeia, que não está propriamente numa situação vantajosa. Longe disso, os cidadãos têm sofrido que nem cães com o disparo da inflação, que começou na era covid com o encarecimento dos bens materiais, de matérias-primas, e que atingiu agora proporções diabólicas com as taxas de juro. Muitas famílias estão garroteadas, em apneia para fazer face às suas despesas. Portanto, a Europa está drenada de recursos e a economia russa está pujante. Muita gente alertou que estas sanções eram como beliscar a para do elefante e temos aí a prova de facto. A Rússia efetivamente tem estado vencedora desta guerra. E eu pergunto, quando é que finalmente vamos sentar-nos e discutir as soluções negociadas, porque o projeto europeu foi uma promessa de paz. Como dizia George Steiner o século XX foi um século para esquecer, de tal forma sangrento que todos os europeus deviam ter vergonha daquilo que aconteceu, de como andámos a matar-nos uns aos outros das formas mais hediondas. E foi justamente no rescaldo desta barbárie que se edificou o projeto europeu com a promessa para todos os povos europeus de que, em vez de continuarmos a sacrificar carne para canhão, os nossos filhos e netos a perder vísceras, a perder a alma, iríamos construir a paz. Fazer uma União pela paz. Aonde é que está hoje a palavra dos pais fundadores da Europa?
É o que se propõe recuperar?
Eu e o ADN reclamamos justamente esta fundação, esses alicerces que fizeram avançar o projeto europeu. Foi isso que avançar a Europa – não foi a guerra, foi a paz, que permitiu estes muitos anos prósperos da Europa. Naturalmente, com partes negativas, com vertentes antipovo como foi convém lembrar que foi o Tratado Europeu, que foi referendado por dois ou três povos no princípio do século e depois, como outros rejeitaram, se enfiou pela boca abaixo e nunca mais houve referendos na Europa. Portanto, a minha candidatura pelo ADN reclama esta fundação pela paz – e não vejo mais nenhum partido a fazê-lo. O PCP timidamente dá por vezes um ar de sua graça, mas como sentiu que perdia votos, como o BE, foi muito tacticista. Como havia uma propaganda pró-guerra muito intensa quando Putin invadiu a Ucrânia, BE e PCP tiveram medo de assumir as suas posições. Eu acredito em ideias e valores, não estou aqui só para ganhar votos.
Também há pontos em comum com o posicionamento do ADN relativamente à agenda para o ambiente?
Eu sou uma defensora da natureza. Uma das causas em que sempre estive envolvida é a defesa das árvores autóctones portuguesas, nomeadamente o sobreiro e a azinheira – ainda em agosto fizemos uma grande ação e uma providência cautelar para impedir o abate de 2 mil sobreiros no Parque de Mogavel, ao pé de Sines, onde a EDP quer construir um parque eólico. É um absurdo, é dizer que querem destruir o ambiente para salvar o ambiente. Eu não compactuo nem aceito com estas negociatas das energias renováveis, que fazem o pleno, do BE ao Chega, e não têm nenhum intento de defender verdadeiramente o ambiente, mas apenas de continuar a abocanhar recursos. Também na Comporta há outra causa em que estou particularmente envolvida: fala-se muito da preservação daquele santuário de biodiversidade, mas o grupo Amorim está lá construir a 50 m da linha de maré cheia. Outro exemplo é o SOS Quinta dos Ingleses: vão arruinar o pulmão de Carcavelos, onde se produz oxigénio suficiente para 33 mil pessoas. E apesar de a lei dizer que só se pode construir a mil metros da praia, em casos absolutamente excecionais a 500, ali vão despejar os sem-abrigo que juntaram umas tendas e construir a 100 m da praia, uma construção de apartamentos de luxo com sete andares, que avança porque há um acordo com a construtora que é anterior à lei que obriga a recuar até mil metros. Portanto, repito, por baixo da capa das boas intenções para defender a natureza estão, na verdade, uma série de más intenções e sobretudo de péssimas práticas.
Sendo uma ativista e defendendo o clima, concorda com os atos que temos visto protagonizados pela Climáximo?
Eu sou completamente contra o terrorismo climático. A ação direta não tem de ser destruidora, não tem de ser vandalizadora e atentatória da integridade física e psicológica das outras pessoas. Portanto, não me revejo na ação da Climáximo. Até porque não concordo com eles nessa certeza de que nós somos culpados. E tenho a certeza de que nós vamos encontrar soluções científicas avançadas para resolver estes problemas: banir o plástico, replantar, etc. Mas nunca andar a partir montras e atirar tinta à cara das pessoas. Eu defendo a natureza, mas não me esqueço de duas grandes mentiras que me marcaram como ativista.
Eu tenho lido muitas coisas e na verdade não existe nenhuma prova científica que seja a benquista em toda a comunidade científica de que as alterações climáticas são da responsabilidade do Homem.
Que foram?
Eu comecei em miúda a despertar para a causa pública, aos 14/15 anos, e foi precisamente através do ambiente. Cheguei a ser vegetariana, estive sempre envolvida nas questões das árvores, muito inspirada pelo livro Beatriz e o Plátano, que a minha mãe me ofereceu quando era bem pequena, da Ilse Losa. Mas eu gosto de ler e de me informar, tenho uma veia académica e portanto, gosto de confrontar opiniões, não gosto de narrativas únicas, monolíticas. Já tinha tido dúvidas na questão do buraco do ozono, por exemplo. Mas o primeiro choque que tive foi o grande escândalo do Climategate, no princípio do século. Foi logo a seguir à primeira grande mentira global deste século – da invenção das armas de destruição massiva no Iraque, de que Durão Barroso, era eu deputada, me garantiu, no Parlamento, ter visto provas. E ali por 2006, rebentou o Climategate, quando se descobriu que várias universidades prestigiadíssimas, com uma reputação elevada, eram pagas a peso de ouro para dizer que havia alterações climáticas por responsabilidade antropogénica. A partir daí, acho que qualquer pessoa com um dedo de testa começa a ter uma visão crítica ou pelo menos vai procurar mais o contraditório destas questões.
Não nega as alterações climáticas, mas sim a culpa do homem, é isso?
Eu tenho lido muitas coisas e na verdade não existe nenhuma prova científica que seja a benquista em toda a comunidade científica de que as alterações climáticas são da responsabilidade do Homem. Existem alterações climáticas, como sempre existiram, porque o clima em si mesmo é cíclico: temos primavera, outono, várias estações, já tivemos outras alterações como a pequena idade do gelo na Europa, que não foi assim há tanto tempo, em que fazia tanto frio que os pássaros caíam congelados do céu e as pessoas achavam que aquilo era um fenómeno divino ou paranormal… Hoje sabe-se, graças à ciência. As alterações climáticas vão continuar a acontecer e eu tenho por objetivo defender a natureza, os mares, a biodiversidade. Mas não aceito os vendilhões a falar das energias renováveis para mandar abaixo 2 mil sobreiros ou a cobrar taxas de carbono, impostos verdes, e se pagar já pode levar o saco de plástico. Nesse filme de propaganda, não me apanham. Eu sempre fui pela ação direta, por mostrar como as coisas se passam.
A campanha vai então ter mais desses momentos?
Já o fazia antes. Fi-lo com os pagamentos digitais, com os certificados covid que punham qualquer funcionário de restaurante a verificar o meu estado de saúde, abalroando-se todas as liberdades, direitos e garantias… Eu sempre fui pela ação direta, por mostrar como as coisas se passam – e vou continuar esta campanha com momentos muito surpreendentes para os portugueses, nesta linha de estar na rua a mostrar como é que, de facto, as coisas se passam. Vamos fazer a campanha mais criativa alguma vez vista. Temos ações preparadas espetaculares, mas todas elas respeitando totalmente aquilo que são os bens materiais e a integridade física de toda a gente.
E teme que haja outras agressões, como a que sofreu no primeiro momento como candidata, no 25 de Abril, no Terreiro do Paço?
Essa não é a atitude normal dos portugueses comigo, eu tenho muito boa recetividade na rua, as pessoas vem dar-me beijinhos, dizer que vão votar em mim, mandam-me mensagens nas redes sociais. Sou reconhecida e as pessoas sabem que eu sou um bocado terra a terra, aquilo que veem na televisão é aquilo que eu sou e essa espontaneidade que para melhor ou para pior me caracteriza também me aproxima das pessoas. Aquele momento aconteceu quando eu estava a fazer um direto, por isso ficou filmado e foi divulgado, era inevitável, mas não representa a relação dos portugueses comigo. E hoje mesmo apresentei queixa no DIAP contra desconhecidos. Algumas pessoas já foram identificadas e essas eram todas do PS, posso adiantar isto.
Eram militantes do PS?
São militantes, sim, não sei se vieram em algum autocarro financiado pelo PS, mas acho que não é coincidência que todas as pessoas que nós conseguimos identificar já no vídeo sejam do PS. E eu hesitei em fazer queixa, ainda que fosse essa a minha inclinação – sempre pautei a minha vida assim, não acredito na justiça pelas próprias mãos e sou muito institucionalista, apesar de reconhecer a fragilidade de muitas instituições – mas houve quem me dissesse que os ânimos estavam acesos e se calhar istro ia polarizar mais… Então pus à consideração das pessoas nas redes sociais e a esmagadora maioria fez-me a avançar.
Como é que se diz que Bruno Fialho, que é um sindicalista com um currículo impecável, que já foi protegido do Arménio Carlos, que é chamado pelos motoristas para ser o seu mediador, que esteve no processo da Ryanair, etc., é de extrema-direita?
Um referendo?
Fiz uma espécie de uma micro sondagem para auscultar quem me segue e o que, em geral, as pessoas achavam, e a esmagadora maioria, 80% das pessoas, acharam que devia apresentar queixa. Mas acho que ali também houve responsabilidade da comunicação social, porque aquelas pessoas agiram daquela forma porque há uma comunicação social que intoxica as pessoas, foram dizer que o ADN é um partido de extrema-direita. Eu gostava de saber por alma de quem é que o Bruno Fialho, que é um sindicalista com um currículo impecável, que já foi protegido do Arménio Carlos, que é chamado pelos motoristas para ser o seu mediador, que esteve no processo da Ryanair, etc., como é que se diz que uma pessoa com esta ficha de sindicalismo é de extrema-direita?
Ainda ontem o Volt pediu a extinção do ADN por “perfilhar ideologia fascista”.
É ridículo! E para começar, acabar com qualquer partido é antidemocrático – quando essa ideia surgiu em relação ao Chega, muito propalada por Ana Gomes e outros, eu sempre me opus. E oponho-me, porque todos os partidos devem ter direito a existir, a liberdade de expressão existe para tolerar e até considerar as pessoas de quem se discorda, não aquelas com quem se concorda, se não, não tem sentido. Até porque representa, pelos vistos, uma grande parte da população. Quanto ao Volt, a queixa é uma palhaçada. Aquilo vem de uma coisa que o Bruno Fialho disse num podcast, em que lhe perguntaram sobre as penas dos pedófilos, e ele disse que deviam ir todos para o Tarrafal. Quem ouvir, entende que aquilo foi uma coisa simbólica – e ele até brincou com isso, disse que aquilo ia logo virar meme... Mas devo dizer que no essencial eu estou de acordo com o Bruno, porque eu trabalho muito nesta área, sou criminóloga, e é verdade que as penas são ridículas. A desvalorização sistemática dos crimes sexuais contra as crianças em Portugal continua a acontecer e isso tem de ser revisto.
O que é que será um bom resultado para o ADN nestas eleições?
Eu gostava de ser eleita, eu concorro por isso e esse é que seria um bom resultado. Nas legislativas, o ADN teve 102 mil votos – muitos dizem que foi confusão com a ADN, mas é porque não estão nas ruas a ouvir os portugueses. Nós temos estado e as pessoas querem tirar fotografias connosco, conhecem-nos.
Conhecem o ADN ou a Joana Amaral Dias?
São parcerias que acontecem naturalmente e que fazem parte da política. A AD também foi buscar o Sebastião Bugalho, que nem sequer é do PSD. E desde que haja transparência nisto, não tem qualquer problema. E votos ao acaso todos os partidos recebem, eu votei nulo durante anos e tenho amigos órfãos de partido político que o fazem também. Há pessoas que votam por descargo de consciência, pessoas que votam em branco, pessoas que se enganam... A questão central é a possibilidade de nós elegemos, porque há uma base de 80 ou 90 mil votos e uma cabeça-de-lista que é conhecida dos portugueses. E eu sou exatamente a mesma, não houve nenhuma mudança brutal no meu caminho. Há quem diga que eu quero um tacho, mas eu estou é a arriscar muito.
Porquê?
Se eu deixo de trabalhar para a TVI, para a CNN e para todos os órgãos de comunicação em que estava e de onde já saí, eu arrisco uma parte da minha carreira. Eu tenho a minha clínica, claro, os meus livros, mas certamente não vou ganhar mais no Parlamento Europeu. Faço isto não por tachos mas por missão cívica e por espírito de empenho e de ativismo, porque acho que estas eleições são completamente decisivas.
Porquê estas em específico?
Porque é nestes cinco anos de mandato que se decide a Agenda 2030, as próximas Europeias já serão tarde demais para impedir que tudo o que se quer introduzir na população com uma força brutal, sobretudo desde a covid. E já agora um parêntesis: depois de toda a engenharia social e de experiências completamente inauditas da sociedade portuguesa, ainda não se fez um balanço crítico desse tempo, ninguém explicou, mesmo tendo nós sido campeões das mortes covid e da mortalidade excessiva. Mas voltando à Agenda e à forma como ela tem sido introduzida, 2029 é tarde demais, portanto estas eleições são decisivas, não só porque o centro de decisão está em Bruxelas, como disse no início, e o poder tem de emanar dos deputados eleitos ao Parlamento Europeu, como porque o timing é este. Foi por isso que decidi pôr-me à frente do comboio, com o capital público que eu construí, a minha custa, sem partidos, sem padrinhos, sem cunhas. Eu construí o meu nome na política e arrisco-o nestas eleições. Além disso, tenho dois filhos pequenos – o mais velho já tem 29, mas tenho outros com 8 e 6 anos – e não quero os meus filhos na guerra. E sei bem que quem vai para as guerras não são os filhos das elites, são aqueles que os que decidem consideram a povaréu. E também porque não quero os meus filhos expostos à sexualização precoce, porque me oponho com unhas e dentes ao tratado pandémico, etc.
Há quem diga que eu quero um tacho, mas eu estou é a arriscar muito.
E quanto aos cabeças-de-lista dos outros partidos, serão bons adversários?
Infelizmente, Marta Temido e Sebastião Bugalho vão discutir com zombies, porque a comunicação social faz esta coisa anticonstitucional e antidemocrática de decidir quem é que vai a debates. A SIC já decidiu que quem não tem representação europeia, portanto o Livre, o Chega a Iniciativa Liberal e nós, que temos subvenção pública mas não temos representação nenhuma, não vai aos debates. Por esta lógica, nas presidenciais só estava o Presidente. Vamos ver se será assim, porque ainda vai correr muita água debaixo da ponte e eu também tenho muitas ações preparadas. Também já fizemos queixa formal contra a RTP, que não esteve no lançamento a nossa candidatura. Isto não faz sentido nenhum e contraria a Constituição da República, que diz que todas as candidaturas têm de ter igualdade de circunstâncias. E se querem ir pelo critério jornalístico, então o ADN tinha de lá estar, porque tem subvenção pública e tem uma cabeça-de-lista que é uma pessoa conhecida da generalidade dos portugueses.
Teria muito para debater com a Marta Temido, que foi uma das responsáveis por este processo massivo de vacinação, sobretudo num momento em que temos Ursula van der Leyen a ser investigada pela Procuradoria-Geral Europeia pelos contratos das vacinas.
Gostava de poder debater com Bugalho e Temido?
Eu passei um ano a discutir no Crossfire com o Sebastião e ganhei quase todos os debates, à exceção do momento em que ele disse para eu ir comer barritas da Prozis – não foi um momento áureo para alguém que agora é candidato europeu. E teria muito para debater com a Marta Temido, que foi uma das responsáveis por este processo massivo de vacinação, sobretudo num momento em que temos Ursula van der Leyen a ser investigada pela Procuradoria-Geral Europeia pelos contratos das vacinas, que rasurou por completo. Neste momento, nem os deputados europeus têm acesso aos contratos das vacinas, os maiores contratos alguma vez feitos na UE, no valor de 30 mil milhões de euros – isto não se admite nem numa reunião de condomínio. Mas nisto, onde é que está a esquerda, que era tão contra os grandes poderes? Contra os grandes lobbies da big pharma? Eu não mudei, sou exatamente a mesma, que quer transparência e prestação de contas nestes contratos – e teria muito a falar com a Marta Temido. Quanto ao candidato do Chega, devia chegar a todos os debates de veleiro, no veleiro que, violado todos os códigos de conduta éticos de um diplomata, aceitou como prenda.
E Cotrim de Figueiredo e Catarina Martins e os demais?
Com Cotrim tenho muitas divergências, desde logo contra este alinhamento cego da sua agenda, que aliás defraudou muitas das expectativas de militantes da Iniciativa Liberal – não é por acaso que muitos foram para o Chega ou simplesmente deitaram a toalha ao chão, porque esperavam uma postura liberal e afinal há é uma mentalidade woke. À esquerda, os anos da geringonça para mim foram fatais. Se eu já me tinha afastado há muitos anos do BE, isso foi mesmo chocante, não enquanto solução do ponto de vista parlamentar, isso faz parte da política, mas o BE passou a ser café sem cafeína e doce sem açúcar. Catarina Martins vergou-se a tudo o que António Costa quis e merece ser confrontada com as injeções massivas de dinheiro que se meteu no BES com a sua assinatura, durante esses tempos da geringonça, esquecendo os tempos em que era contra a salvação da banca privada. Ela sim, vendeu-se ao sistema. E eu gostava que estas pessoas se posicionassem sobre estes temas, em vez de cair em rótulos, porque aquilo que aconteceu quando nós fomos defender o fim do tratado pandémico da OMS, na terça-feira, foi que o Livre, o BE, etc. a única coisa que tiveram para nos oferecer foi chamar-nos chalupas, negacionistas, radicais de direita. É o argumento daqueles que não têm capacidade de ir a terreiro debater ideias e que são escravos de ideologias.
Vai desafiar os outros cabeças-de-lista para debates, nem que seja fora das televisões?
Desafiarei com certeza. Eu não tenho medo de debates, não tenho medo do confronto de ideias, não tenho medo do contraditório. Que infelizmente é coisa que não há. Até como analista política, que é uma coisa que eu tenho feito muito intensamente nos últimos 20 anos, eu fico muitas vezes perplexa porque estão todos a dizer o mesmo, em uníssono, parecem uma orquestra afinada a dizer às vezes exatamente o mesmo, palavra por palavra. É muito difícil encontrar hoje na sociedade portuguesa pensamento crítico, contraditório, livre. Portanto, claro, eu desafiarei todos a debater comigo. E só não virão os medricas.