Uma porta aberta e duas gerações unidas. “Partilha Casa” é um projeto nacional lançado hoje com o intuito de aproximar gerações e humanizar vidas.
Com o objetivo de mitigar a dificuldade de acesso ao alojamento a um custo acessível por parte dos estudantes deslocados do seu contexto familiar e de combater a solidão e isolamento da população sénior, nasce o projeto “Partilha Casa”. Trata-se de um website agregador de projeção nacional (partilhacasa.pt) cuja plataforma integra as entidades que promovem a partilha de casa intergeracional e possibilita a que os interessados – seniores, jovens e instituições – efetuem o registo.
Segundo dados de 2023 da Eurostat, Portugal é o país da União Europeia a envelhecer mais rapidamente e, de acordo com um estudo do Observatório da Solidão realizado em 2022, 1.7 milhões de idosos afirmam viver em solidão. Paralelamente, a crise habitacional tem provocado um forte impacto na população jovem, com especial incidência nos estudantes, registando-se uma quebra de 80% na oferta de quartos para estudantes de 2021 para 2022, com cerca de 120 mil estudantes deslocados em Portugal. Estima-se, de acordo um com estudo feito pela Cushman & Wakefield, que só em Lisboa e Porto faltem 20.000 camas.
O match intergeracional
Enquanto site agregador, o “Partilha Casa” tem como principal objetivo a divulgação de programas que fomentam a partilha de alojamento entre seniores e jovens estudantes universitários. Todas as instituições que promovam esta iniciativa e se tenham registado no site irão aparecer na plataforma, após uma avaliação prévia.
Na ótica do utilizador, a plataforma foi desenhada de forma a ser intuitiva para todos os seus beneficiários, independentemente da sua literacia digital. O processo é simples: para quem tem um quarto na sua casa e boa-vontade em partilhar o seu espaço com um jovem estudante basta clicar em “tenho quarto”, introduzir alguns dados para que, posteriormente, a instituição escolhida possa entrar em contacto. Para quem procura um quarto e detém sensibilidade para ensinar e aprender com a geração mais velha, o passo-a-passo é exatamente o mesmo mas com a opção “procuro quarto”.
O processo de seleção e match dos pares é realizado, com muito cuidado, pela instituição selecionada aquando o registo, que garante também, durante todo o período de convivência entre os pares, um acompanhamento contínuo com visitas domiciliares e chamadas telefónicas. “Além da avaliação que fazemos inicialmente, para traçar o perfil tanto do jovem como do idoso, para promover o match intergeracional há um acompanhamento ao longo de todo o processo através de visitas domiciliares mensais e chamadas telefónicas regulares, de modo a percebermos como está a correr a experiência e se há alguns pontos que precisam de ser melhorados”, conta Teresa Sousa, representante do programa Abraço de Gerações, de Coimbra, ao SAPO. “São sempre visitas muito gratificantes pois vemos que, de visita para visita, a relação está a solidificar-se e são construídas relações muito familiares”, acrescenta.
A plataforma online “Partilha Casa” é, de igual modo, apoiada por vários órgãos institucionais, nomeadamente autarquias, que têm contribuído de diversas formas para a iniciativa: “A Câmara Municipal de Lisboa está a construir qualquer coisa como 900 residências, é um processo demorado e com muitos custos associados, mas esta iniciativa tem a inteligência de juntar pessoas que vivem sozinhas com estudantes que precisam de casa. A câmara tem 23 mil casas sendo que duas mil, que vão ser colocadas na plataforma, têm apenas um morador. Esperamos que estas casas contribuam para o sucesso desta iniciativa, mas que venham muitas mais, seja do mercado privado ou de pessoas que vivam sozinhas”, partilha com o SAPO Filipa Roseta, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa.
A tecnologia ao serviço das pessoas
A plataforma online “Partilha Casa” foi desenvolvida pelo MEO que, através do estabelecimento de parcerias com programas que atuam neste âmbito, se assume como promotor e facilitador da iniciativa. Na fase de lançamento integram o projeto o programa “Abraço de Gerações”, de Coimbra e o “Une.Idades”, de Lisboa, bem como a Gebalis, enquanto parceira promotora deste conceito na cidade de Lisboa.
“O nosso propósito enquanto marca é ligar pessoas à vida através daquilo que melhor sabemos fazer – a tecnologia”, começa por dizer Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, na cerimónia de apresentação. “A tecnologia não tem nenhuma utilidade se não for para melhorar a vida das pessoas, a produtividade das empresas e resolver problemas da nossa sociedade, permitindo a nossa evolução enquanto comunidade. Enquanto líder do setor das comunicações eletrónicas, o MEO tem o dever de chamar à atenção dos portugueses para temas presentes na sociedade”, destaca. João Epifânio, Chief Marketing Officer da Altice Portugal, realça: “Este projeto é, talvez, um pouco mais, é um projeto que liga pessoas a pessoas".
O objetivo é que mais instituições adiram e se registem no site oficial, para que o potencial de angariação de candidatos seja ampliado de norte a sul do país, e que mais gerações se juntem e acabem a criar boas histórias e relações.