
"Os ataques armados contra instalações nucleares nunca devem ocorrer (porque) podem levar a fugas radioativas com consequências graves", afirmou o argentino Rafael Grossi, numa reunião de emergência a decorrer no Conselho de Segurança da ONU.
Esta reunião foi convocada, a pedido do Irão, horas depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter confirmado que bombardeiros norte-americanos tinham atacado com bombas anti-bunker as principais centrais nucleares do Irão, incluindo as instalações subterrâneas de Fordow.
Grossi disse hoje que são agora visíveis "fissuras" na central de Fordow, confirmando a utilização das bombas anti-bunker comunicadas pelos Estados Unidos, mas insistiu que é impossível avaliar os danos na central.
O diretor-geral da AIEA confirmou igualmente que, na central de Isfahan, "parece que o acesso aos túneis utilizados para o armazenamento de material enriquecido" e alguns edifícios relacionados foram atingidos e que a central de enriquecimento de combustível em Natanz também foi atingida, mas não deu mais pormenores.
O responsável sublinhou ainda que o Irão informou a agência de vigilância nuclear da ONU de que "não há aumento da radiação externa" em nenhuma das três centrais.
Embora tenha tido o cuidado de não criticar os Estados Unidos diretamente, Grossi sublinhou que "a escalada militar põe em perigo vidas e atrasa qualquer solução diplomática que permita ter a certeza, a longo prazo, de que o Irão não conseguirá obter uma arma nuclear".
Uma vez mais, disse estar disponível para viajar imediatamente para o Irão e a iniciar negociações com todas as partes para garantir a segurança das centrais nucleares e a utilização pacífica da tecnologia nuclear.
Antes destas declarações, o secretário-geral da ONU, António Guterres, também não visou diretamente os Estados Unidos, mas criticou-os indiretamente ao afirmar que "todos os Estados-membros devem agir de acordo com as suas obrigações ao abrigo da Carta das Nações Unidas e das outras regras do direito internacional".
Guterres dirigiu-se diretamente ao Irão, recordando o país persa de que "deve respeitar plenamente o Tratado de Não Proliferação, que é um pilar da paz e da segurança internacionais".
A ação ordenada por Trump ditou o envolvimento direto dos Estados Unidos, um aliado tradicional de Telavive, no conflito entre Israel e o Irão, iniciado a 13 de junho.
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