Os dois agentes da PSP suspeitos de torturarem uma pessoaficaram em prisão preventiva. Esta sexta-feira, foram ouvidos por um juiz de instrução criminal que decidiu aplicar a medida de coação mais gravosa aos agentes por considerar haver perigo de continuação de atividade criminosa e perturbação do inquérito, de acordo com informações obtidas pelo Expresso junto de fonte próxima do processo.

Os jovens agentes em início de carreira foram detidos esta quinta-feira numa operação liderada por procuradores do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa que realizaram buscas em várias esquadras da PSP, entre elas a do Rato e a do Bairro Alto, e também em casa dos polícias.

O inquérito teve início com uma denúncia da própria direção nacional da PSP, depois dos responsáveis daquela polícia ficarem a conhecer as suspeitas que recaíam sobre os dois agentes, um da Primeira Divisão Policial e o outro do Comando Metropolitano de Lisboa.

As denúncias de violência destes agentes têm já mais de seis meses e terão tido como vítimas pessoas vulneráveis que foram detidas por suspeitas de crimes como furtos.

Os suspeitos terão agredido com violência uma dessas pessoas na esquadra do Rato, depois desta ter sido detida. Terão depois tentado sodomizá-la com um bastão. As agressões terão sido filmadas pelos próprios agentes.

Esses vídeos chegaram aos superiores hierárquicos dos agentes que de imediato reportaram o caso internamente, tendo as informações chegado ao DIAP de Lisboa, que abriu um inquérito e agiu esta quinta-feira.

"Não queremos elementos desses na PSP"

Segundo o MP, estão em causa neste processo suspeitas de crimes de tortura, ofensas à integridade física qualificadas, peculato e falsificações. “Até ao momento, encontram-se denunciados cerca de uma dezena de ilícitos”, revelou a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Uma fonte oficial da PSP é taxativa: "Se isto for verdade, só temos é de fazer o que estamos a fazer, prendê-los, levá-los à Justiça e correr com eles, pois não queremos elementos desses na nossa polícia."

A Lusa contactou o Ministério da Administração Interna para pedir comentários sobre este caso, mas o gabinete de Maria Lúcia Amaral optou por nada dizer.