Quatro pessoas morreram em 2024 na sequência de 22 acidentes ocorridos em passagens de nível, uma redução para metade dos óbitos registados em 2023, segundo um balanço divulgado esta quinta-feira à agência Lusa pela Infraestruturas de Portugal(IP).

A divulgação do balanço surge quando se assinala o Dia Internacional para a Segurança em Passagens de Nível, uma iniciativa de vários países, liderada pela União Internacional dos Caminhos de Ferro.

De acordo com os dados, em 2024 verificaram-se 22 acidentes (19 colisões e três colhidas) em passagens de nível, dos quais resultaram quatro vítimas mortais.

"De salientar que dos 22 acidentes verificados em 2024, 59% ocorreram em passagens de nível dotadas de proteção ativa o que denota, por um lado, um claro desrespeito pela sinalização em presença, e por outro, de que a eficácia que advém da introdução de medidas de reforço da segurança depende, sobretudo, do comportamento e corresponsabilização dos cidadãos utilizadores", refere a IP.

Em 2023 tinham ocorrido os mesmos 22 acidentes, mas o dobro dos óbitos (oito), o que segundo a IP vem em linha com a tendência de "redução na sinistralidade e no número de vítimas ao longo dos anos. A IP dá como exemplo o ano de 1999, durante o qual foram registados 156 acidentes e 38 vítimas mortais.

"Do total das 785 passagens de nível existentes em 31 de dezembro, 471 dispunham de proteção ativa, conseguida através do guarnecimento humano ou por existência de sinalização automática, realidade distante da verificada em 1999, quando das 2.494 passagens de nível apenas 26% dispunham desta proteção", sublinha.

A IP ressalva que, além do impacto humano e económico que decorre da sinistralidade nas passagens de nível, em 2024 estes acidentes afetaram 351 comboios, que acumularam, no total, 10.601 minutos de atraso.

"Comprometida com os objetivos definidos em termos de redução de sinistralidade passagem de nível (menos de 10 acidentes em 2030), a IP dará continuidade à execução do Plano de ação apresentado em 2024, que prevê, nomeadamente, que até 2030 sejam suprimidas 135 passagens de nível e reclassificadas 237, envolvendo um montante que ascende a 316 milhões de euros", indica a empresa.

O plano de ação desenhado para a redução da sinistralidade em passagens de nível entre os anos de 2024 e 2030, é assente das dimensões da "supressão, automatização, sensibilização e fiscalização".

Um dos objetivos até 2030, refere a IP, é que 87% das passagens de nível que subsistem estejam dotadas de sistemas automáticos de sinalização.

"O desrespeito pela sinalização, quer seja por negligência ou distração, é a principal causa da sinistralidade em passagens de nível. Sem o compromisso e sem a responsabilidade individual de todos os agentes, nenhuma medida adotada será eficaz só por si, revestindo-se de especial importância as campanhas de informação e sensibilização", alerta a empresa.