
Um grupo de 380 escritores oriundos de Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda do Norte e República de Irlanda divulgaram uma carta em que pedem aos seus países e "aos povos do mundo que se juntem a nós para pôr fim ao nosso silêncio coletivo e à nossa inação perante o horror". Citado pelo "The Guardian", o documento refere-se ao "ano e sete meses" da guerra em Gaza, defendendo o uso do termo "genocídio" para a identificar. Na segunda-feira, uma outra carta de teor semelhante, assinada por 300 escritores francófonos, foi publicada no jornal "Libération".
"A utilização das palavras 'genocídio' ou 'atos de genocídio' para descrever o que está a acontecer em Gaza já não é debatida pelos juristas internacionais ou pelas organizações de defesa dos direitos humanos", dizem os signatários, entre os quais se encontram conhecidos nomes da literatura em língua inglesa e das artes como Ian McEwan, Hanif Kureishi, Zadie Smith, Elif Shafak, Brian Eno, Kate Mosse ou Irvine Welsh.
"Os palestinianos não são as vítimas abstratas de uma guerra abstrata. Demasiadas vezes, as palavras têm sido usadas para justificar o injustificável, negar o inegável, defender o indefensável. Demasiadas vezes, também, as palavras certas - as que importavam - foram erradicadas, juntamente com aqueles que as poderiam ter escrito", declaram na carta, notando que "o termo 'genocídio' não é um slogan", acarreta "responsabilidades legais, políticas e morais".
Exigindo um cessar-fogo imediato, assim como a distribuição sem demoras nem restrições de alimentos e de medicamentos no enclave, a libertação dos reféns israelitas feitos pelo Hamas e dos "milhares de prisioneiros palestinianos detidos" nas prisões de Israel, os signatários declaram não aceitar "ser um público de espectadores que consentem”. "Não se trata apenas da nossa humanidade comum e de direitos humanos; trata-se da nossa idoneidade moral como escritores do nosso tempo, que diminui a cada dia que nos recusamos a falar e a denunciar este crime", realçam, notando que esta tomada de posição coincide com uma "absoluta oposição e aversão ao antissemitismo, ao preconceito anti-judaico e anti-israelita".
"Rejeitamos e abominamos os ataques, o ódio e a violência - por escrito, por palavras e por acções - contra o povo palestiniano, israelita e judeu, sob todas e quaisquer formas. Somos solidários com a resistência dos povos palestiniano, judeu e israelita às políticas genocidas do atual governo israelita", expressam, exortando à imposição de sanções caso o governo israelita não dê ouvidos aos apelos.