Entramos em 2025 e o mundo está em perfeita ebulição. As tensões geopolíticas estão um frenesim nos quatro cantos do mundo e enquanto as economias estão em fase de recuperação das consequências das crises, o mundo, desde 2020, parece viver uma verdadeira convulsão de emoções desde a crise na Ucrânia à entrada do futuro presidente dos EUA, passando pelo caminho que a Europa deve seguir para sobreviver neste enquadramento.
Vivemos sem dúvida tempos de incerteza. O conflito e a invasão da Ucrânia nas fronteiras da Europa, os conflitos comerciais entre as duas superpotências (EUA vs. China) e a crescente emergência climática que ameaça o nosso futuro, existindo na Europa um enorme bolo de legislação e objetivos, quando nos restantes blocos acontece o inverso. E Portugal? Em 2025, encontra-se neste turbilhão global. Mas qual deveria ser o nosso papel neste panorama? Percorrer o caminho e ser arrastado por esta maré e encruzilhada ou afirmar-se como um líder resiliente e cosmopolita no panorama mundial como um país estratégico e entrada na Europa?
O palco internacional está dividido pelas superpotências económicas como um verdadeiro jogo de xadrez, estando estas “presas” num jogo de poder e orgulho que deixa o mundo num estado de alerta constante, mas questiono-me: nos últimos 50 anos, a política externa americana mudou? O ressurgimento do protecionismo, a competição pelo domínio tecnológico e a falta de uma cooperação global são como tempestades que estão a ser criadas no horizonte breve de 2025, e em prontidão para fragilizar as economias, que como um dominó podem cair a qualquer momento apesar da onda positiva que vivemos. Os mercados financeiros parecem verdadeiras festas rave voláteis, onde observamos verdadeiros momentos de valorização, a inflação ainda é uma sombra que está sobre as diversos países da comunidade internacional e, neste refogado económico, social e político, o cidadão comum geralmente é quem tem o maior preço a pagar. A instabilidade atual e o medo de um futuro incerto, em que o preço da habitação está a estrangular a sociedade, estão a criar uma atmosfera de ansiedade generalizada e de angústia nas sociedades.
Mas neste caos global, Portugal, um país que tem uma capacidade única ao longo da história para superar adversidades, pode ter uma oportunidade única, alinhada com o PRR e o PT2030. Oportunidade esta que deve ser agarrada com coragem e visão reformista.
Em 2025, Portugal poderá estar estrategicamente posicionado para tornar-se um refúgio de estabilidade na Europa e ser caminho de entrada para diversos investidores, sendo um local de inovação e resiliência num mundo que parece entrar quase num modo de desmoronamento.
O nosso país, com sua localização privilegiada entre a Europa e o Atlântico, tem a chance de se firmar como um centro de logística, comércio e turismo sustentável. Num período em que as grandes potências económicas se afastam dos acordos globais, Portugal pode liderar com diplomacia e construir pontes comerciais que fortaleçam parcerias com nações emergentes e economias maduras, principalmente com o nosso aliado histórico, os EUA.
Além disso, a nossa capacidade de atrair investimento estrangeiro nunca foi tão crucial. Empresas necessitando de segurança e de um ambiente de negócios acolhedor olham para Portugal como um porto seguro. Temos a força do nosso turismo, que, mesmo em tempos de crise, continua a ser um motor de crescimento económico. E o agroturismo, por exemplo, é um setor que pode florescer num momento em que a sustentabilidade e a conexão com a terra e o interior são mais valorizadas do que nunca. Portugal tem a oportunidade de ser um exemplo de inovação verde, aproveitando a riqueza dos seus recursos naturais e o seu compromisso com a transição energética aliado ao seu posicionamento geoestratégico para a América do Norte e para África.
Mas este futuro promissor não é garantido. A janela de oportunidade é exígua e o risco é elevado. Sem uma liderança forte, sem uma visão clara e, acima de tudo, sem a união dos portugueses, poderemos ver este momento escapar-nos como areia entre os dedos. E, se isso acontecer, Portugal será mais uma vítima da turbulência global, lutando para sobreviver em vez de prosperar, como tem acontecido nas últimas décadas.
Precisamos de líderes que estejam à altura deste desafio hercúleo, mas acredito que podemos ficar surpreendidos com alguns elementos do Executivo do atual primeiro-ministro.
Necessitamos de uma sociedade que entenda que o futuro de Portugal está nas nossas mãos, nas decisões que tomamos agora. 2025 não é apenas um ano. É o ano em que definimos se queremos ser protagonistas ou meros espectadores da história.
O mundo está a tremer. Mas, onde muitos veem crise, Portugal pode ver oportunidade. A questão é: teremos a coragem de agir antes que seja tarde demais?