Sou atleta paralímpica e o início da minha prática desportiva começou por recomendação médica ainda numa idade bastante jovem e, desde então, pratiquei sempre desporto, tendo optado no meu caso pela natação. Esta modalidade teve um impacto muito grande na minha vida, pois é graças a ela e também à minha deficiência que tenho tido a oportunidade de vivenciar muitas experiências e aventuras novas através do desporto. Foi também a natação que permitiu que eu começasse a ver a minha própria deficiência de uma forma diferente pois percebi que conseguia desafiar-me numa base diária com os treinos que realizava e que ainda hoje realizo.
Percebi também que a conotação negativa da palavra “deficiência” é apenas algo que está dentro da cabeça das pessoas da sociedade em que vivemos e que é uma mera ilusão daquilo que é a realidade de ter uma deficiência. Ter uma deficiência não é sinónimo de ter uma incapacidade, mas sim de ter a capacidade de se adaptar à condição que se tem no dia-a-dia. A partir de um certo ponto, apenas me lembro que tenho uma deficiência quando tenho de falar dela. Na realidade não é algo que me lembre muito, simplesmente vivo a minha vida normalmente. E não seria preciso muito para que a palavra "deficiência" deixasse de ter conotação negativa, bastaria por exemplo que a nossa sociedade como um todo conseguisse acompanhar mais o desporto para pessoas com deficiência pois aí iriam conseguir perceber que ter uma deficiência não tem que estar ligado a algo com um sentido depreciativo, pelo contrário.
Como atleta com deficiência, acho que a campanha SuperAção teve um papel muito importante para a promoção do desporto para pessoas com deficiência na medida em que foi possível ter uma maior exposição da história de alguns dos atletas de diferentes modalidades que representaram Portugal nos Jogos Paralímpicos e que protagonizaram a campanha. Acho que foi uma boa iniciativa para conseguimos chegar a mais pessoas, passar a nossa mensagem para que, eventualmente, se consigam captar novos talentos.
Estamos juntos nisto e, mesmo sem deficiência, qualquer pessoa pode ajudar e fazer parte desta causa! O apoio ao Movimento Paralímpico através da simples consignação de 0,5% do IRS ao Comité Paralímpico de Portugal ou donativos únicos ou regulares à instituição são forma de contribuir ativamente para a prática de desporto para pessoas com deficiência no nosso país.