Cidade minhota, Guimarães guarda as tradições da gastronomia regional, mas a dinâmica da oferta dos restaurantes revela um cada vez maior cosmpolitismo. A arte da tainada mantém-se bem viva, a par de pratos como os “Rojões à Minhota com papas de sarrabulho”, o “Arroz de pica-no-chão”, o “Bucho recheado” o “Cabrito assado”, sem esquecer as várias receitas de bacalhau e polvo. Entre premiados, clássicos e novidades, conheça 17 tascas e restaurantes de paragem obrigatória para conhecer a boa mesa de Guimarães:
A Cozinha por António Loureiro
Falar da cozinha de António Loureiro e d’A Cozinha por António Loureiro é falar de sustentabilidade: é o primeiro restaurante europeu certificado com zero resíduos, já que se comprometem a mini-mizar o impacto no ambiente, trabalhando com fornecedores locais e produtos de época, com base na política de “quilómetro zero” – a horta vertical, no primeiro andar, reúne mais de 200 vasos para produção bio de aromáticas e vegetais. Mas também é falar de tradição e inovação, os outros pilares do restaurante, que sofreu obras de renovação, mantendo a cultura gastronómica portuguesa e as memórias do chef como parte da sua identidade. O “Menu Caldos e Brasas”, forte-mente influenciado pelos costumes dos povos do Norte, é marcado por pratos de conforto e sabores fortes, como o “Nabo e cogumelos”, a “Canja de perdiz e tapioca”, o “Bacalhau e bacalhau”, com lombo, sames e língua, de forma a tirar o máximo proveito do produto, e o “Pombo e castanhas”. O pão artesanal mantém-se na mesa até ao final da refeição, para que todos os caldos e molhos sejam absorvidos pelo consolo de um pedaço ainda morno. O restaurante conquistou um Garfo de Ouro no Guia Boa Cama Boa Mesa 2024 e foi distinguido com o prémio Sustentabilidade, ostentando desde 2018 uma estrela Michelin. Preço médio: €100
Largo do Serralho, 4, Guimarães. Tel. 253534022
Florêncio
Ícone na cidade-berço e com mais de 100 anos, este restaurante preserva o balcão e as pipas dos tempos em que era uma casa de vinhos e petiscos. Hoje distingue-se pelas receitas antigas, confecionadas com mestria, como o “Pernil assado no forno”, o “Arroz de galo pica no chão” ou o “Bucho recheado com carne”. Do mar destacam-se os “Filetes de polvo” com arroz de feijão ou tomate. Explore a garrafeira e termine com o “Toucinho do céu”. Preço médio: €20
Rua de Nossa Senhora da Madre de Deus, Azurém. Tel. 253415820
Hool
A criatividade e a experiência do chef consultor Vítor Matos unem-se ao talento de Liliana Moura, cozinheira minhota com raízes transmontanas. A escolha à carta é uma possibilidade, mas os menus de degustação “À Descoberta”, de nove momen-tos, “Raízes” e “Terra Mãe”, ambos com seis (o último vegetariano), garantem uma experiência mais completa. Numa vertente mais tradicional, experimente o “Cabrito assado à Hool”. Termine com a “Torta de Guimarães”.
Preço médio: €70
Hotel da Oliveira, Largo da Oliveira, Guimarães. Tel. 253514157
Norma
A contemporaneidade, aplicada a um receituário de base tradicional, é um dos elementos-chave da cozinha do chef Hugo Alves. Nas sugestões, merecem destaque o “Waffle com ovo de codorniz, kimchi, batata e couve” e o “Pica no chão” em arancini. Experimente o “Brás” de bacalhau com jalapeño” e o “Rabo de boi”. Escolha o “Arroz-doce”, com massa folhada, fava tonka e pera bêbeda, para fechar. O menu de degustação é opção para quem quer virar o “mundo ao contrário” à mesa.
Preço médio: €30
Rua Dr. José Sampaio, 35, Guimarães. Tel. 939501461
S. Gião
O restaurante S. Gião, em Moreira de Cónegos, é o reduto e o palco de Pedro Nunes, cozinheiro autodidata que, em 1987, abriu portas a este projeto, que oferece “uma cozinha que honra as tradições portuguesas com um toque inovador”. Esta é uma casa acolhedora para os 12 meses do ano. Com uma consistência singular e há quase quatro décadas de portas abertas, mantém-se referência nacional. A responsabilidade é de Pedro Nunes, que, de forma exímia, confeciona pratos tradicionais e criações mais modernas. As “Tripas à moda de São Gião” e o “Colarinho de pescada à São Gião” são clássicos, mas arrisque nos “Ravioli de boletos com rabo de boi e trufa negra”. Preço médio: €40
Avenida Comendador Joaquim de Almeida Freitas, 56, Moreira de Cónegos. Tel. 253561853
Pirâmide do Egipto
Há mais de três décadas a servir pratos de base tradicional e de confeção exímia, este restaurante é o ponto de encontro de clientes fiéis, que se distribuem pelas várias salas e esplanada. Da lista dos emblemas gastronómicos constam o “Camarão tigre grelhado”, o “Arroz de robalo”, o “Frango caseiro no forno”, a “Posta à mirandesa” e o “Rosbife”, entre outros. À sobremesa, vale a pena provar a “Baba de rinoceronte”, com caramelo e amendoim, servida diretamente da travessa. Preço médio: €30
Rua da Estação, Moreira de Cónegos. Tel. 918101504
Ar Belo
Fundado em 1982 por Zeca Magalhães e Esmeralda Miranda, o restaurante Ar Belo, em Guimarães, foi evoluindo ao longo dos anos, mantendo sempre a identidade tradicional. Hoje, conjuga o atendimento cuidado e conhecedor, com uma ementa de cariz regional, mantendo a informalidade no trato. Abriu com o objetivo de oferecer pratos tradicionais e de acolher a comunidade de Guimarães e, desde então, pratos como a “Vitela assada”, o “Arroz de pato” e os “Rojões à minhota” representam a essência gastronómica servida na zona da Penha. Após o falecimento do avô, em 1995, a gestão do restaurante passou para os pais, Vítor Teixeira, o rosto da evolução da sala, e Marina Magalhães, na cozinha, “que deram continuidade ao legado e lutaram para transformar uma simples tasca num restaurante convidativo e acolhedor”, conta Vítor Hugo Teixeira, representante da terceira geração. Em 2004, fizeram a grande primeira modernização do espaço e, em 2018, Vítor Hugo começou a dedicar-se inteiramente ao projeto, assim como a companheira Francisca Carvalho, no ano seguinte. Os ventos de mudança trouxeram um serviço mais sabedor e uma oferta vínica diferenciada. Preço médio: €35
Rua de Belos Ares, 168, Guimarães. Tel. 963903969
Ferro & Fogo
Na zona industrial de Brito, o antigo showroom de uma fábrica de fogões ganhou nova vida e juntou vida às peças produzidas, através de um restaurante: o Ferro & Fogo. Foi Helena Oliveira, a filha do industrial que assumiu as rédeas da cozinha para uma ementa tradicional e apoiada nos vários fogões e fornos a lenha ali instalados, bem como outros acessórios únicos como o espeto para assar bacalhau. “A nossa cozinha é de vidro, aberta para que você possa ver com seus próprios olhos a dedicação, a limpeza e a paixão que investimos em cada prato que chega à sua mesa”, explicam os responsáveis do restaurante que aposta em vários cortes de carne grelhadas com arroz de forno e na variedade de legumes também trabalhados no fogo. Pernil no forno, cabrito, rojões com papas ou vitela assada são outras propostas que podem surgir como sugestão do dia. Prove a rabanada. Preço médio: €25
Avenida da Indústria, 85, Guimarães. Tel. 914117127
34
Simplesmente 34, o restaurante está localizado no central e sempre animado largo do Toural, onde encontrou uma segunda vida. Para muitos, é o mais bonito e elegante da cidade, para outros ate merecia um prémio pelo design e arquitetura. Foi, entretanto, reconhecido e recomendado pelo Guia Michelin. Oferece uma cozinha internacional e com diversas influências, do Mediterrâneo ao Japão, em ambiente cosmopolita, onde os cocktails são também muito apreciados. Em modo partilha ou em sugestões individuais servem-se Poke bowls, ceviches, burrata com pesto de rúcula e tomate, mas também peças de sushi, tártaro de carne, “Éclair de caranguejo”, “Bacalhau com broa e maionese de pimento”, “Caril de camarão com farofa crocante de amendoim e manjericão”, “Magret de pato” ou a surpreendente e incandescente “Bochecha de vitela e puré de couve-flor”. Preço médio: €25
Largo do Toural, 23, Guimarães. Tel. 934249966
Le Babachris
Ponto de encontro de inspirações diversas, une com amor as raízes espanholas e francesas do chef Christian Rullan e da mulher, Bárbara, e a qualidade dos produtos provenientes do mercado de Guimarães. Depois de uma primeira aventura em morada diferente, o restaurante Le Babachris regressou, em junho de 2024, ao coração da cidade-berço com uma ementa mais eclética. Como é apanágio desta casa acolhedora, há diversos menus surpresa, que se destacam não só pela inspiração, mas também pela relação qualidade-preço. Os pratos não são definidos, uma vez que dependem do que a sazonalidade trouxer às bancas do Mercado de Guimarães. Pode optar pelo menu de três momentos - Simple Moment (€39), com entrada, prato principal e sobremesa; pelo menu Arrozes à Paella (€45), uma das grandes especialidades do chef, também em três momentos, ou pelo menu Double Moment (€55), que se apresenta em duas entradas, um prato principal e uma sobremesa. Também baseada na sazonalidade, mas menos flexível, é a carta fixa que se altera com regularidade.
Largo Condessa do Juncal, 19, Guimarães. Tel. 964420548
Cor de Tangerina
Premiado, graças ao prato “Mil-folhas de batata, cantarelos e bolota” e com o estatuto de ter sido o primeiro restaurante vegetariano a abrir portas na cidade, o Cor de Tangerina guarda ainda uma das mais agradáveis esplanadas de Guimarães. “Somos um espaço de aprendizagem, formação, investigação e transformação. Procuramos trabalhar da terra até à mesa; da mesa até às comunidades envolventes e, assim, perpetuar a identidade alimentar que todos tecemos em união”, explicam os chefs Liliana Duarte e Álvaro Dinis Mendes. Parte integrante do projeto são as oficinas criativas e outros eventos que promovem regularmente. Na ementa, com menu executivo aos almoços nos dias de semana, referência para “Folhadinho de alheira e maçã & maionese de cidrão e caril” e “Brás de alho francês, tapenade de azeitona e algas nori”, nas entradas, e “Penne de quinoa com pesto de manjericão e avelã, creme de lentilhas, espetada de tofu fumado & ananás”e “Arroz de feijoca com boletos, queijo da Ilha com linhaça e espuma de cidrão”, nos principais. Preço médio: €20
Largo Martins Sarmento, 89, Guimarães. Tel. 966876165
Restaurante Típico Batista
Da sala do Restaurante Típico Batista ouve-se o treino dos jogadores do Vitória Sport Clube, uma vez que a Academia do clube de Guimarães dista escassos 850 metros. Não é de espantar que, quando o treino acaba, muitos dos elementos do plantel procurem este local para recuperarem à mesa do exigente plano de treinos. Aqui, sentem-se em casa, uma vez que a decoração do Restaurante Típico Batista, além de utensílios da lavoura, está decorado com a camisola e cachecóis do clube de Guimarães. Maria José é quem os recebe à porta e os leva à mesa, mas, se for preciso, corre para a cozinha para meter a mão nos tachos e confecionar as especialidades regionais. Nesta localização há 35 anos, o restaurante já leva mais de 50 de portas abertas, assumindo-se como guardião do receituário regional, dos “Rojões à Minhota” às “Papas de sarrabulho”, preparadas com sangue de porco, carne de galinha, carne de porco, salpicão, presunto, chouriço, cominhos, limão e pão ou farinha de milho, entre outros ingredientes. Conte ainda com “Arroz de pato à antiga” e “Bacalhau com natas”. Preço médio: €25
Urbanização da Cruz da Argola, Rua A, 280, Guimarães. Tel. 253432216
Casa Alves – Porta Larga
É uma tasca popular, uma das mais emblemáticas e também frequentadas da cidade, o que justifica a atmosfera ruidosa de quem vem não só para comer, mas sobretudo para conviver, desde 1978. Foi nesse ano que abriu portas, pela mão do pai de Amadeu Alves, de quem herdou o nome e o legado petisqueiro. Neste ponto de encontro de várias gerações vimaranenses são muitas as opções que existem para picar, entre panados, pataniscas, moelas, fígado de cebolada, codornizes, bolinhos de bacalhau, chispe e orelheira com molho verde, entre outras tentações, e com conversas bem regadas com vinho verde, branco ou tinto, servido em malga. Há ainda lugar para os pratos típicos da região, e “cada dia tem o seu”, entre Tripas, Rojões, Feijoada e Cozido. Preço médio: €15
Rua da Caldeirôa, 41, Creixomil, Guimarães. Tel. 253516984
Adega do Ermitão
É dentro de uma gruta, em pleno monte da Penha, que se esconde esta adega incomum. Lá fora, à sombra de frondosas árvores, com vista sobre a cidade e arredores, as mesas de madeira e pedra acolhem as especialidades: Bola de sardinha, de carne ou de chouriço, Bolinhos de bacalhau e Caldo verde, a saírem quentinhos. Cebola com sal ou Punheta de bacalhau são outras sugestões. O interior guarda a companhia indispensável dos petiscos: vinho verde tinto, bem conservado pelo granito da gruta, que vê a luz do dia em jarros e malgas tradicionais. Atenção: nos meses de janeiro, fevereiro e março apenas são servidos vinho e chouriço assado, e apenas se abre a porta se condições meteorológicas o permitirem. Preço médio: €10
Rua da Penha, Guimarães. Tel. 912786968
Tasca Expresso
Há muito onde fixar o olhar enquanto aguarda pelo pratinho de presunto e pelo bom vinho regional, nesta casa que mais parece um museu. No curto espaço vivem objetos de antigamente, e também o nome vem do tempo em que o proprietário queria aqui fazer apenas uma rápida paragem. Às parcas mesas chegam o verde tinto “pinta-beiço”, servido em malga, como manda a tradição. Para petiscar há, além de enchidos, sandes de presunto, queijo, broa caseira e, por vezes também moelas. Preço médio: €15
Largo da República do Brasil, 33, Guimarães. Tel. 964946733
Taberna Trovador
Moelas, tábua de presunto minhoto, codorniz, salpicão do cachaço, alheira do Minho, cebola com vinho tinto, pataniscas, rojões, bochecha de porco… A tradição é bem-vinda a esta casa de assumidos “taberneiros profissionais”, garantindo bons vinhos e melhores petiscos. O ambiente é bem-disposto e com frequência animado por música, seja na sala ou na esplanada. O Arroz de tomate ou de feijão com couve também se recomenda. Para os vegetarianos há “Brás de alho-francês”. Preço médio: €15
Largo do Trovador, 10, Guimarães. Tel. 913205263
Real Plazza
Apresenta-se como “um conceito de cervejaria portuguesa, direcionado a amantes de francesinhas”, mas a verdade é que foi outra receita que deu fama ao Real Plazza, em Guimarães: um cachorro quente. Na verdade, um “senhor” cachorro, com meio metro de pão brioche, salsicha, batata frita palha, queijo, ovo estrelado e, para reforçar a ligação ao propósito da casa, molho de francesinha. O sucesso desta receita espalhou-se e, desde 2006, que não têm parado as variações e a criação de diferentes opções de francesinhas, tanto em pão de cachorro, como à Poveira. Para além destas propostas, o restaurante também prepara diversos pratos tradicionais, como rojões, papas de sarrabulho ou cozido. Preço médio: €15.
Rua Fernando Pessoa, 101, Guimarães. Tel. 253438310