“A salvaguarda do fabrico do Queijo da Serra da Estrela a Património Cultural e Imaterial da Humanidade é um trabalho que já está muito avançado e posso dizer, não caindo em promessas, que está tudo comprometido para entregarmos este verão as candidaturas junto do Estado português e na UNESCO”.

As palavras são de Joaquim Lé de Matos, presidente da Estrelacoop - Cooperativa Produtores de Queijo Serra da Estrela DOP, ao anunciar que prevê entregar no final do verão de 2025 a candidatura do Queijo Serra da Estrela a Património Cultural e Imaterial da Humanidade da UNESCO. A intenção foi anunciada durante a apresentação da feira “Tábua de Queijos e Sabores da Beira”, que vai decorrer nos dias 22 e 23 de fevereiro, neste município do interior do distrito de Coimbra, que integra a Região Demarcada do Queijo Serra da Estrela.

A candidatura à UNESCO para salvaguarda do fabrico do Queijo Serra da Estrela a Património Cultural e Imaterial da Humanidade pretende preservar toda a fileira do queijo, nomeadamente "o trabalho árduo dos produtores e, sobretudo, dos pastores", tornando a atividade mais rentável para atrair jovens para o setor.

Outra salvaguarda necessária relaciona-se com o número de efetivos da raça autóctone da Serra da Estrela, que tem de ser [ovelha] Bordaleira ou Churra Mondegueira, porque, segundo os dados existentes, está a haver uma diminuição de ano para ano. No entanto, o presidente da Estrelacoop salientou que, fruto do trabalho realizado pela ANCOSE e pelos pastores, aquelas raças não estão em vias de extinção graças ao Queijo Serra da Estrela, embora se tenha registado uma diminuição do número de ovelhas "não muito significativa" e, consequentemente, da produção de leite de Denominação de Origem Protegida (DOP).

Queijo Serra da Estrela DOP
Queijo Serra da Estrela DOP Estrelacoop

"Nestes três últimos anos, a produção de Queijo Serra da Estrela tem andando entre 160 e 180 toneladas, com uma procura muito superior à produção", frisou Joaquim Lé de Matos, salientando que o número de produtores na última década se manteve estável. Para o dirigente, este é um motivo de satisfação já que a Estrelacoop não pretende criar escala na produção do Queijo Serra da Estrela por se tratar de "um produto único genuíno, que se pretende preservar".

A região demarcada da produção Queijo da Serra da Estrela abrange os municípios de Carregal do Sal, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Mangualde, Manteigas, Nelas, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Seia, Aguiar da Beira, Arganil, Covilhã, Guarda, Tábua, Tondela, Trancoso e Viseu. Destes concelhos, só Arganil ficou de fora do protocolo de financiamento da candidatura à UNESCO.

Refira-se que em julho de 2024, 17 municípios da região do Queijo Serra da Estrela assinaram um protocolo de cooperação para a elaboração da candidatura à Unesco da salvaguarda daquele produto regional, com coordenação técnica e científica de Paulo Lima, que também foi responsável pelas candidaturas do Fado, do Cante Alentejano, do Fabrico de Chocalhos e da Morna (música tradicional de Cabo Verde).

O acordo envolveu também a Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE). No total, a EstrelaCoop, a ANCOSE e os 17 municípios, que pertencem a três comunidades intermunicipais (CIM) - Beiras e Serra da Estrela, Viseu Dão Lafões e Região de Coimbra - financiam "em quase 80 mil euros a candidatura".

AMV (IYN) // JEF

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